Título: Desvios no fundo de pensão
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 10/07/2011, Economia, p. 14

Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, em 2006, o ex-presidente da Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social (Refer) Jorge Moura denunciou a venda, com deságio de até 12%, de R$ 38 milhões dos R$ 45 milhões da reserva técnica do plano de saúde dos servidores da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA). Ele também acusou a diretoria de tentar, em 2004, desviar R$ 19 milhões para "atividades partidárias" com a terceirização da carteira de títulos públicos, de R$ 1,4 bilhão. A diretoria aprovou as mudanças, mas o conselho deliberativo vetou.

Para piorar, após revelações de que os comandos dos fundos estatais haviam sido repartidos politicamente pelo governo Lula, eles foram incluídos no escândalo do mensalão. No caso da Refer, embora tenha o seu nome associado à RFFSA, extinta em 2007, a fundação continua pagando aposentadorias e pensões da estatal, operando como fundo de pensão multipatrocinado ¿ mais sete empresas participam da entidade, a exemplo da Valec. No plano de benefícios, há 406 ferroviários ativos. Eles contribuem para aposentadoria ¿ para cada real que aplicam, a patrocinadora coloca outro.

Em maio, o fundo contava com 5.103 participantes. Mas chegava a 30.397 o total de aposentados que recebiam benefícios. Entre dependentes ativos e inativos, a conta era bem maior: 48.114. Para pagar tanta gente, a fundação gasta R$ 25 milhões por mês. O valor médio das aposentadorias é de R$ 1.013,55 e o das pensões, R$ 424,46. Em abril, o patrimônio era de R$ 3,14 bilhões. No ranking da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), a Refer ocupa a 32ª posição em investimentos. Não é pouca coisa, considerando que o fundo já esteve sob intervenção da antiga Secretaria de Previdência Complementar (SPC) do Ministério da Previdência. (Colaborou Sílvio Ribas)