Título: Promessa de barrar políticos
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 11/07/2011, Política, p. 6

Entrevista - Márcio Fortes

Tiago Pariz

O presidente da Autoridade Pública Olímpica, Márcio Fortes, afirmou em entrevista ao Correio que não haverá loteamento político de sua pasta. Para sustentar a promessa de escolhas técnicas, afirma que foi esse o critério usado pela presidente Dilma Rousseff para nomeá-lo. Filiado ao PP, ele foi ministro das Cidades no governo Lula, depois de ter ocupado cargos no segundo escalão no governo. Com o tempo cada vez mais curto para a realização dos maiores eventos esportivos no Brasil, em 2014 e 2016, Fortes afirma que só é possível estabelecer metas para conquista de medalhas se os programas do governo para formação e atletas funcionarem de forma eficiente. Ele quer que esse trabalho seja executado pelos órgãos do Executivo, em parceria com estados e municípios.

O senhor vai ter cargos para preencher e os partidos têm muito apetite. Vai aceitar indicações? Houve alguma composição política com o meu nome? A presidente fez questão de dizer que foi uma escolha dela, de caráter técnico. Partirei desse princípio.

Como vai ser a relação com outras cidades que desejam receber eventos de apoio às Olimpíadas? As Olimpíadas não vão ser cariocas apenas. O torneio de futebol, como é mais complexo, vai ter jogos em Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Goiânia e São Paulo.

É o senhor quem escolhe quais cidades poderão acolher torneios? Isso eu vou discutir conjuntamente com o comitê organizador. Pela legislação, eu poderia abrir escritórios em outros estados que possam ter eventos de cooperação com eventos olímpicos. Eu posso levar ao COB ofertas dos prefeitos.

O que o senhor pensa de o Brasil ter meta para conquistar um número mínimo de medalhas? Temos de conquistar uma participação importante. Aquele negócio do Barão de Coubertin é relativo: o importante não é só competir, é competir e ganhar.

A APO vai conversar com alguma empresas sobre patrocínio a atletas? Isso não cabe a mim. É com o Ministério do Esporte, com o Ministério da Educação. A garimpagem, a procura de talentos, passa por programas destinados especificamente a esse objetivo.

Há críticas a esse trabalho, por conta de ONGs que se preocupam mais em receber dinheiro do governo do que em treinar futuros atletas. O objetivo do Ministério do Esporte é que, até 2016, o país tenha 3 milhões de jovens atletas. Um milhão só no Rio de Janeiro. Esse programa não tem nada a ver com ONG. É só do governo federal.