Diante da iminência de uma redução do Fies, financiamento estudantil de governo, o crédito universitário privado começa a ganhar espaço. A Ideal Invest, única gestora que atua nesse segmento nos pais, alotou R$ 1 bilhão para financiar as mensalidades dos alunos da Anima nos próximos três anos. Para atrair o interesse, a Anima — dona da Una, Uni-BH, Unimonte e Universidade São judas Tadeu — vai subsidiar 100% da taxa de juros do financiamento e com isso oferecer um produto competitivo com o Fies, cuja taxa de juros anual é de 3,4%.
 
"Uma da vantagem para a instituição de ensino é que há um adiantamento de caixa porque pagamos as seis parcelas do semestre no começo de cada período letivo. Além disso, o risco da inadimplência fica conosco", diz Carlos Furlan, diretor-executivo da Ideal Invest. Nesse modelo, os alunos pagam 50% do valor da mensalidade durante o curso e a outra metade nos quatro anos seguintes à formatura.
 
A Ideal Invest prevê movimentar um total de R$ 4 bilhões em crédito estudantil até março de 2018. Essa quantia pode ser ainda maior devido às restrições em torno do Fies. "Estamos revisando nossas projeções, mas ainda é cedo porque as portarias do MEC são recente? diz o executivo. No acumulado dos últimos oito anos, a Ideal Invest concedeu R$1 bilhão em crédito estudantil. Segundo Furlan, o crescimento no volume financiado deve-se ao aumento no valor das mensalidades e também ao Fato de os alunos passarem a contratar o crédito para os quatro anos do curso, sendo que antes a demanda era por um período menor.
 
Dos R$ 4 bilhões em crédito universitário privado estimado para os próximos anos, cerca de R$ 2,5 bilhões serão provenientes de recursos captados no mercado e o restante virá do pagamento das mensalidades dos próprios alunos, A Ideal Invest capta recursos por meio do seu FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditório). As duas últimas tranches, realizadas no ano passado, levantaram R$ 84 milhões, mas houve uma demanda 30% superior. A previsão é que nova captação seja lançada ao mercado em meados deste ano.
 
Se houver uma alta demanda por recursos, o Itaú poderá fazer aportes para o crédito universitário da Ideal Invest. Desde 2012, o Itaú é um dos sócios da gestora, com uma participação entre 20% e 30%. Os demais acionistas minoritários são o IFC (braço do Banco Mundial) o fundo Victoria Capital e a gestora Eos. O controle continua nas mãos de um grupo de cerca de 20 investidores.
 
Além da Anima, a Ideal Invest negocia com outras instituições de ensino seu crédito universitário com subsidio integral da taxa de juros. Atualmente, a gestora tem parceria com cerca de dez grupos de ensino superior que arcam com a totalidade dos juros do financiamento estudantil, A Unimonte, do grupo Anima, já subsidiou integralmente a taxa de juros do financiamento estudantil de 1.250 alunos e a Fevale, do Sul do país, subsidiou 5 mil estudantes.
 
Furlan não revela a taxa paga pelas instituições quando há o subsidio total dos juros do financiamento, uma vez que esse percentual varia conforme o porte do grupo educacional. Mas sabe-se que no modela de financiamento com subsídio parcial a taxa de juros cobrada é de cerca de 2% ao mês, sendo que 1,35% é de responsabilidade do aluno e 0,65% da instituição de ensino.
 
Ao contrário do financiamento do governo, o crédito privado da Ideal Invest exige fiador e também que o aluno não tenha restrição na Serasa.