A China não pretende expandir gastos fiscais para estimular o crescimento, segundo sua agência de planejamento econômico. O presidente Xi Jinping disse que o país pode manter um "taxa de crescimento entre média e alta".

Apesar de projetos de investimento em sete áreas cruciais para atrair capital privado, a China não está repetindo seu programa de estímulo iniciado em 2008, disse Luo Guosan, uma autoridade de investimentos da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC, em inglês). O país acelera 300 projetos de infraestrutura no valor de 7 trilhões de yuans (US$ 1,1 trilhão) neste ano, segundo fontes familiarizadas com o tema. A decisão não é pública.

"Não se trata de um programa de estímulo mediante expansão fiscal, mas de direcionar capital social para projetos de investimentos", disse Luo Said. "Isso nada tem a ver com o plano de estímulo de 4 trilhões de yuans em 2008, e é fundamentalmente distinto daquela iniciativa".

Ao mesmo tempo, Luo disse que a China vai implementar "sete pacotes de projetos", incluindo infraestrutura, ambiente e saúde, e que muitos já estão em andamento. O governo do primeiro-ministro Li Keqiang aprovou os projetos como parte de um empreendimento mais amplo de 400 projetos, envolvendo 10 trilhões de yuans, num plano que cobre do fim de 2014 até 2016, disseram as pessoas familiarizadas com o assunto.

Xi disse perante ontem em fórum China com os países latino-americanos da Celac, em Pequim, que a economia chinesa entrou em um "novo normal", reflerindo-se a uma iniciativa no sentido de gerenciar uma expansão mais lenta.

"A rápida e abrangente consolidação do poder por Xi Jinping em 2013-14 significa uma mudança, com foco, agora, em crescimento econômico estável, políticas fiscais mais proativas, política monetária mais ágil e mais reativa, e reformas mais agressivas em 2015", escreveu Lu Ting, economista do Bank of America, em nota divulgada ontem.

Luo, do NDRC, recusou-se a especificar a dimensão do pacote de investimentos, dizendo ser "impossível definir o montante total do investimento".

Shuang Ding, economista sênior especializado em China no Citigroup Inc em Hong Kong, disse hoje que a interpretação da NDRC confirmou sua visão segundo a qual a aceleração do investimento não significa estímulo, e está incluída no planejamento de investimentos em ativos fixos para 2015. "Isso significa que não haverá gastos fiscais ou monetários adicionais, mas, sim, que eles vão redirecionar dinheiro para áreas específicas", disse ele. "Portanto, trata-se de um ajustamento estrutural".

A NDRC também relaxou os requisitos para que empresas obtenham aprovação para investimentos no exterior, informou ontem o jornal "Economic Observer". As empresas só precisam registrar-se - e não obter aprovação - da NDRC se os projetos não envolverem países e setores sensíveis, de acordo com o jornal, citando normas revisadas.

Atualmente, a agência de planejamento econômico exige que as empresas obtenham aprovação para todos os projetos de investimento no exterior superiores a US$ 1 bilhão.