A oposição promete iniciar os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, instaurada na Câmara, com o pedido de quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e de dados da internet do ex-ministro José Dirceu. De acordo com o doleiro Alberto Youssef, ele era um dos indicados para receber a propina supostamente paga por empreiteiras ao PT no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava-Jato. 

"No primeiro dia de trabalhos da CPI da Petrobras, vamos pedir a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático (dados da internet) do ex-ministro José Dirceu e das empresas em que ele consta como sócio", anunciou o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR). A primeira reunião da CPI, quando devem ser escolhidos o presidente e o relator do grupo, só deve ocorrer na semana seguinte ao carnaval. PT e PMDB ainda não indicaram os integrantes para o colegiado. 

A Justiça Federal já quebrou o sigilo da empresa JD Assessoria e Consultoria, que tem Dirceu e um irmão como sócios. A juíza Gabriela Hardt, que assina a decisão do mês passado, no entanto, negou a quebra de sigilo de Dirceu. Na decisão, ela alega que, ao fazer o pedido, o Ministério Público não provou que o ex-ministro era dono da empresa no período em que ela recebeu repasses de empreiteiras investigadas na Lava-Jato. 

Base governista 

A tentativa de ter acesso aos dados de Dirceu na CPI não deve ser fácil. Em 2005, quando a CPI dos Correios investigava o mensalão, a base governista conseguiu impedir que a oposição quebrasse o sigilo do ex-ministro, então investigado. "Se o próprio ex-ministro nega ligação ou participação nesse novo esquema de corrupção, não deve temer qualquer quebra de sigilo. Seria uma chance de ele provar que, desta vez, não é o chefe da quadrilha", argumenta Rubens Bueno sobre uma eventual rejeição da quebra pelo PT. 

Em trecho da delação premiada de Youssef, divulgada na quinta-feira, o doleiro diz que, nos arquivos do operador Julio Camargo, com a "contabilidade dos ilícitos", Dirceu era tratado como Bob e que o ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula era, com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, indicado para receber o suborno de construtoras. Em seu blog, Dirceu negou qualquer participação no esquema. Vaccari também disse que não recebeu propina. A defesa de Julio Camargo diz que as declarações de Youssef são mentirosas. 

O gerente 

Valdemar 

Condenado a 7 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), que cumpre pena do processo do mensalão em regime aberto, voltou a despachar no escritório do partido em Brasília. Ele foi contratado para o cargo de gerente administrativo, mas o valor pago não foi informado. Valdemar foi liberado pela Justiça para se submeter a uma cirurgia entre 26 e 28 de fevereiro. A decisão judicial, no entanto, não detalha qual é o procedimento.