Na antevéspera das eleições para a Presidência da Câmara, candidatos intensificaram a corrida para consolidar apoios e ainda garantir a formação de blocos a ser anunciada às 13h30 de domingo. Apesar de ter formalizado aliança para a disputa, a maioria das legendas não confirma se fechará blocos com os candidatos apoiados. Pelo menos três grandes grupos de partidos devem ser formados na Câmara. Um capitaneado pelo PMDB, outro pelo PT e um terceiro pela oposição. A um dia da decisão nas urnas, os adversários organizam uma agenda apertada com direito a café da manhã, almoço e jantares para alinhavar as últimas costuras com aliados.
A corrida para formação de alianças oficiais se justifica pela forma de composição da Mesa Diretora. Pelo Regimento Interno da Câmara, é respeitada a proporcionalidade partidária, ou seja, o bloco parlamentar com o maior número de deputados eleitos tem direito a escolher o cargo mais desejado pela legenda. Porém, também são permitidas candidaturas avulsas de qualquer deputado para os cargos da Mesa que couberem a seu partido ou bloco. Elas são equiparadas às oficiais e devem ser comunicadas por escrito ao presidente da Câmara. A minoria (maior bloco em oposição à maioria) tem uma vaga garantida na Mesa.

Se conseguir trazer o apoio do PP à sua candidatura, o líder do PMDB na Casa, Eduardo Cunha (RJ), somará cerca de 204 deputados - formando o maior bloco (PMDB com 66; PTB com 25; DEM, 21; Solidariedade, 15; PSC, 13; PRB, 21; e PHS, 5). Porém, nem todos os partidos que devem descarregar votos no parlamentar fluminense anunciaram a intenção de formar um bloco com o candidato. É possível também que o número de votos seja menor devido aos dissidentes. Ontem, Cunha almoçou com cerca de 50 deputados em uma casa na QI 9 do Lago Sul. Entre eles, participaram o presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo (PSC), e os parlamentares Jovair Arantes (PTB-GO) e André Moura (PSC-SE).

Arlindo Chinaglia (PT-SP) somou ontem à sua candidatura os 19 deputados do PDT. Na sede oficial do partido, o presidente do PDT, o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, afirmou ter escolhido o candidato petista para garantir maior governabilidade ao Executivo. "O apoio ocorre por uma maioria boa que quis aventar o nome dele por achar que ele traz garantia de maior governabilidade para o governo federal e a garantia de uma relação mais institucionalizada", afirmou durante churrasco preparado na sede da sigla. "Pesou mais a relação já comigo, com a maior parte da Executiva, do Chinaglia desde a época em que ele foi presidente, numa relação muito positiva", frisou.

Em reunião seguida de almoço e palestra no Royal Tulip HOTEL, o ex-candidato à Presidência da República e senador Aécio Neves (PSDB) enquadrou os 47 deputados presentes na manutenção do apoio a Júlio Delgado (PSB-MG). Aécio frisou que a legenda deve manter a coerência acima de qualquer negociação de cargos na Mesa Diretora. Durante a semana, deputados da sigla ameaçaram desembarcar do apoio na esperança de conseguir a cadeira da vice-presidência da Mesa Diretora. "Espaço na Mesa não é tão relevante quanto a discussão política. Ficaremos com o espaço que a nossa legenda tem direito. A coerência está em primeiro lugar", frisou.

Aécio também afirmou esperar defecção menor dentro do PSDB do que nas legendas adversárias. Além de ter reforçado o apoio dos tucanos, ontem, o PV garantiu manter a aliança com Delgado. Após falar com Aécio ao telefone, o líder do PV na Câmara, Zequinha Sarney (MA), rejeitou o convite para formar um bloco com Eduardo Cunha. O apoio tinha sido oferecido em troca de cargos de destaque em comissões da Casa. Com as manutenções, Delgado soma 106 deputados.

CPIs no alvo

Na linha para fazer dura oposição na Câmara, o PSDB começou ontem a recolher assinaturas para tentar instaurar quatro das cinco comissões parlamentares de investigação que podem funcionar simultaneamente segundo as regras da Casa. A legenda pretende dar continuidade às apurações de corrupção na Petrobras, além de tentar investigar as denúncias de fraudes no setor elétrico, nos fundos de pensão de estatais e no BNDES. Até o fim da noite de ontem, o PSDB não havia somado as assinaturas.

Na reunião no Royal Tulip HOTEL, os deputados tucanos também elegeram Carlos Sampaio (SP) o líder da bancada do PSDB na Câmara. Ele assumirá a liderança a partir de domingo, em substituição ao deputado Antonio Imbassahy (BA). Com 51 anos, Sampaio é o coordenador jurídico nacional do PSDB e foi líder do partido de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014. Formado em direito, é procurador de Justiça licenciado.

Arlindo Chinaglia (PT-SP)

PT, PSD, Pros, PcdoB e PDT

Total: 145 deputados

Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

PMDB, PTB, DEM, SDD, PSC, PRB e PHS

Total: 166 deputados

Júlio Delgado (PSB-MG)

PSDB, PSB, PPS e PV

Total: 106 deputados

Chico Alencar (PSol-RJ)

PSol

Total: 5 deputados

Indecisos

PP, PR, PEN, PMN, PTN, PRP, PTC, PSDC, PRTB, PSL e PTdoB