Luiz Henrique confirma candidatura avulsa e força Renan Calheiros a contar votos pela Presidência
O PMDB entrará no plenário do Senado amanhã com dois candidatos à Presidência da Casa. O atual presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi o nome escolhido oficialmente, no início da noite de ontem, pela bancada do partido para disputar a reeleição. De maneira avulsa, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que tem o apoio de sete siglas e representa a ala independente do PMDB, corre por fora. Renan, que contou com a manifestação de apoio de 15 dos 19 senadores da legenda, é considerado favorito.
No entanto, as traições dentro do próprio partido podem mudar o jogo. Contra Renan, pesa o fato de a votação ser secreta. Para vencer a disputa, o candidato precisa de 41 votos. Nos bastidores, circula a informação de que Luiz Henrique teria contabilizado entre 32 e 33 votos. Os apoiadores do candidato acreditam que, com as defecções, ele poderia sagrar-se vencedor.

Hoje à tarde, o PT vai oficializar apoio à candidatura de Renan Calheiros. Mesmo com a decisão da legenda, não há unanimidade. Petistas ouvidos pelo Correio avaliam que, dos 13 senadores da bancada, seis deles podem votar em Luiz Henrique.

O Palácio do Planalto tem mantido uma distância regulamentar da disputa. A avaliação governista é de que a vitória de Renan Calheiros não é certa e, por isso, há o receio de se inviabilizar com Luiz Henrique caso ele surpreenda e vença a disputa. Antes de o PMDB oficializar o nome de Renan, Henrique se lançou candidato alegando que é capaz de retirar as forças que há mais de 40 anos se revezam no comando do Senado. "Há 45 anos, o mesmo grupo se eterniza na direção desta Casa. Nós vamos democratizar o Senado. Faremos uma gestão participativa, descentralizada, colegiada. Vamos ter um outro Senado", avaliou.

Renan minimizou a divisão no PMDB e aproveitou para alfinetar o concorrente de maneira sutil. "O PMDB é um partido grande e democrático. De uma bancada de 19 senadores, 15 se manifestaram pela minha candidatura. Não é divisão. É democracia. O papel histórico do Senado é fundamental. É preciso aceitar a proporcionalidade e as indicações dos partidos. O Congresso não caminha por projetos pessoais, candidaturas avulsas", declarou.

Articulação intensa

Consciente de que a disputa é dura, Renan tem procurado senadores dos mais diversos partidos. Nesta semana, convidou vários deles para reuniões em sua residência. O presidente do Senado tentou, até o último minuto, convencer Luiz Henrique a não ser candidato. Uma senadora peemedebista afirmou que Renan tem, no momento, "certeza" de 48 votos. Havia dúvidas em relação a outros cinco.

Luiz Henrique, por sua vez, nem sequer compareceu à reunião da bancada do PMDB. Preferiu encaminhar uma carta explicitando a sua posição. A aliados, o adversário de Renan relatou que estava confiante porque nunca tinha perdido uma eleição. Nos bastidores, o presidente da Casa retrucou dizendo: "eu tenho a experiência de quem já disputou e perdeu". Na reunião, o senador Requião (PMDB-PR) disse que Luiz Henrique "é um ótimo companheiro, mal-acompanhado".