Gasolina aumenta amanhã

ALESSANDRA AZEVEDO

Preço do litro vai subir, em média, R$ 0,24 devido à elevação das alíquotas de PIS/Cofins, que vale até que a Cide comece a vigorar, em 1º de maio. União espera reforço de caixa de R$ 12,2 bilhões com a medida neste ano
Quem não quer pagar mais caro para encher o tanque deve se apressar. Hoje é o último dia para abastecer o carro com preço antigo, sem a incidência do aumento nas alíquotas de PIS/ Cofins. O litro da gasolina, que custa entre R$ 3,16 e R$ 3,20, nos postos do Distrito Federal, passará amanhã para R$ 3,40 e R$ 3,45. E o do diesel, de R$ 2,85, em média, para R$ 3, com acréscimo previsto de R$ 0,15.
A elevação do PIS e da Cofins valerá por três meses, período necessário para a entrada em vigor da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide), que estava zerada desde 2012, e acarretará em aumento de R$ 0,22. A Cide foi reabilitada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para tentar recompor o caixa do governo. Com a medida, o governo espera arrecadar R$ 12,2 bilhões neste ano.

Reclamações

Nos postos de gasolina, o movimento vem crescendo nos últimos dias. "O povo está aproveitando que o preço ainda não aumentou para encher o tanque", disse Francisco Gomes, gerente de posto, que tem ouvido muitas reclamações dos clientes. "Todo mundo sabe que está ruim agora, mas vai piorar depois."

Ciente disso, o auxiliar administrativo Yuri Sousa, 20 anos, já resolveu encher o tanque antes que fique mais caro. "Se o transporte público fosse um pouco melhor, poderia arriscar", cogitou, considerando sem alternativa a elevação dos preços. Por enquanto, vai tentar controlar as contas para manter o carro na rua.

Na casa da servidora pública Maria Emília Machado, 55, os quatro membros da família têm automóveis próprios. Para tentar economizar, vão fazer um revezamento de carros. Se não der, vão deixá-los na garagem. Os dois filhos já têm trocado o carro pelo ônibus por dificuldades de arcar com os custos, com a alta, então, vai ficar mais difícil. "Durante a semana, pegam ônibus quase todos os dias", contou.

Quem também vai passar a usar o transporte público é a administradora Graziele Ribeiro, 24. O plano é deixar o carro em casa pelo menos duas vezes por semana, a partir de fevereiro. "Muitos dos meus colegas já estão se juntando para ir trabalhar no mesmo carro, para gastar menos com gasolina", contou. Nos postos de combustível, a expectativa é de que haja uma retração nas vendas. "O que nós estamos esperando é uma queda no consumo", lamentou Alisson Proazzi, gerente de posto.

Em Brasília, o preço pode subir ainda mais. O Governo do Distrito Federal (GDF) vai encaminhar à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) um pacote de medidas para minimizar a crise financeira, o Pacto por Brasília. Entre as propostas está o aumento no Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) da gasolina, que vai passar de 25% para 28% quando a medida for aprovada. Isso significa mais R$ 0,09 no preço do litro.

Um choque para o gerente de vendas Guilherme Arraes, 26 anos, que já considera absurdo o preço do combustível, principalmente quando compara com outras regiões do Brasil. "Essa gasolina vai ter que durar pelo menos uma semana e meia", decidiu, enquanto enchia o tanque pela última vez antes do aumento.

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Moody"s rebaixa Petrobras

Correio Braziliense - 31/01/2015

A dificuldade de mensurar o valor das perdas causadas pela corrupção e a publicação do balanço sem os ajustes da baixa contábil fizeram a Petrobras ser rebaixada em todos os ratings pela agência de classificação de risco Moody"s, na madrugada de ontem. As notas da petroleira foram cortadas de Baa2 para Baa3, deixando a companhia a um passo de perder o grau de investimento.
Essa é a terceira vez que a nota da estatal é reduzida pela Moody"s em quatro meses, em meio às investigações da Operação Lava-Jato. Apesar da agência ter mantido o rating da companhia em perspectiva negativa - o que demonstra que novos rebaixamentos podem ocorrer a curto prazo -, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que não trabalha com a hipótese de perda de grau de investimento.

Na avaliação de Braga, a Petrobras está agindo com absoluta transparência, mostrando números e consultando os órgãos reguladores e as auditorias independentes contratadas para investigar a corrupção internamente até chegar a um balanço definitivo. "Tudo está público. No relatório (não auditado, apresentado na quarta-feira) estão bastante explicadas as ações que a empresa está realizando", disse.

Para a Moody"s, no entanto, a estatal falhou em informar, com clareza, a magnitude dos ajustes que refletem pagamentos superfaturados ligados à fraude e "isso não é um sinal encorajador para o relatório auditado do fim do ano", informou em nota. A redução reflete a desconfiança da classificadora de risco de que a Petrobras será capaz de honrar os compromissos com investidores e credores.

A agência esclareceu que o rating da companhia pode ser rebaixado se a empresa não avançar ao longo do próximo mês na elaboração normal dos informes financeiros, principalmente se não houver "outras ações que reduzam as incertezas em torno da capacidade da companhia de cumprir todas as suas obrigações financeiras no tempo adequado".