Título: Pagot em versão light
Autor: Lyra, Paulo de Tarso ; Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 12/07/2011, Política, p. 2

O governo montou uma operação abafa em relação ao depoimento do ex-diretor do Dnit Luiz Antonio Pagot, e aposta que não haverá surpresas hoje quando o técnico começar a falar em sessão conjunta das comissões de Infraestrutura e Meio Ambiente do Senado. O Planalto travou a disposição de Pagot de acusar o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, de envolvimento com os contratos superfaturados no Ministério dos Transportes. "Ele não vai dizer nada contra A, B ou C. Ele apenas vai mostrar que seguia as deliberações vindas do Ministério dos Transportes, a quem era subordinado", disse o senador Blairo Maggi (PR-MT).

Blairo foi peça-chave na operação deflagrada pela presidente Dilma Rousseff. Na semana passada, tão logo foi anunciado o afastamento dos suspeitos de envolvimento no esquema de propinas do ministério, o senador matogrossense reclamou que a exoneração de Pagot tinha sido injusta e sinalizou que ele deveria comparecer ao Congresso para esclarecer as denúncias de corrupção na autarquia que comandava.

Dilma autorizou, então, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, a convidar Blairo para ser ministro dos Transportes. Segundo interlocutores do Planalto e do PR, a presidente sabia que dificilmente o senador teria condições de assumir a pasta, pois a exposição colocaria em risco suas atividades empresariais, muitas delas com ligação direta com o poder público.

Efeito reverso Blairo reuniu-se com os sócios e ratificou que não teria condições de aceitar o convite. Emissores do Planalto avisaram, então, que ele teria de acalmar o pupilo. "O Blairo sabe que declarações exageradas de Pagot poderiam ter um efeito reverso e envolvê-lo mais diretamente com escândalos no ministério", disse um líder de partido afinado com o Planalto.

O senador afirmou ontem que tudo o que podia ter sido dito por Pagot foi expresso nos últimos dias, minimizando o tom explosivo do depoimento e tirando o foco de cima de Bernardo. O líder do PR no Senado, Magno Malta (ES), defendeu que o ex-diretor geral do Dnit deve limitar-se a dizer a verdade em seu depoimento. "Ele tem de ser equilibrado e não sair por aí atacando a honra das pessoas", completou Malta. (PTL e JJ)