Título: Brasil prepara reação
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Fonte: Correio Braziliense, 12/07/2011, Economia, p. 9

O governo brasileiro deu novos sinais de que está preparando um verdadeiro arsenal para se defender de possíveis danos causados pelas crises europeia e norte-americana. Também acenou que usará artilharia pesada para combater, a todo custo, o derretimento do dólar em relação ao real. Na reunião de coordenação com os ministros, a presidente Dilma Rousseff pediu ao secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, um quadro detalhado das ações já realizadas e liberou a equipe econômica para agir, como for necessário, nos próximos dias. Segundo a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, novas medidas serão anunciadas ainda nesta semana.

No início da noite de sexta-feira, o Banco Central ajustou as regras para o recolhimento compulsório sobre as apostas que os bancos fazem contra o dólar ¿ compram moeda futura, estimando a queda da cotação mais adiante. A expectativa da autoridade monetária é reduzir em US$ 5 bilhões as chamadas "posições vendidas" das instituições financeiras. A primeira reação foi a valorização da moeda norte-americana, ontem, em 1,09%, para R$ 1,582.

Solução "Obviamente, isso está trazendo preocupações, especialmente a situação nos Estados Unidos e na Europa. A presidente pediu explicações sobre as ações que já foram adotadas e outras que talvez sejam necessárias ao longo desta semana", afirmou Ideli. Mais tarde, a ministra disse que as novas medidas serão na área tributária. O temor do governo deriva do entendimento de que, enquanto a União Europeia não chegar a uma solução em torno das dívidas dos países do bloco, nenhuma iniciativa doméstica será suficientemente eficaz.

Outra questão que trava o controle da disparada do real é o impasse dos EUA em torno do teto de seu endividamento (US$ 14,3 trilhões). Ontem, o presidente Barack Obama prometeu reuniões diárias com os principais parlamentares da oposição para chegar a um acordo que eleve o limite antes de 2 de agosto, data em que começam a vencer as primeiras obrigações com seus credores. O Tesouro norte-americano tem alertado que não terá recursos para honrar seus compromissos, caso o Congresso não aprove a elevação. O fracasso poderia arrastar novamente o país a uma nova recessão.