A oposição ao governo federal se articula para intensificar o ataque à presidente Dilma Rousseff logo no início da nova CPI da Petrobras, que será instalada na quinta-feira. O líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), informou que vai propor aos demais líderes oposicionistas uma série de requerimentos de quebra de sigilos, convocações e compartilhamento de documentos a serem protocolados no colegiado. O principal objetivo é aprovar a convocação dos ex-ministros José Dirceu e Antônio Palocci, além do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
A sigla também tentará criar três subrrelatorias, com o intuito de conferir maior agilidade aos trabalhos. São elas: Sistematização, com o objetivo de organizar todo o acervo probatório da comissão; Operacional, que conduzirá a investigação propriamente dita; e Núcleo Político, a fim de apurar a atuação de agentes políticos na organização criminosa que se instalou na petroleira.

"As investigações que estão em curso mostram que a maior estatal brasileira foi alvo de um esquema criminoso, que desviou bilhões de reais e que atuava de forma organizada e sofisticada. O que a sociedade espera saber é onde os recursos foram parar e quem se beneficiou dessa roubalheira sem precedentes na história", afirmou Sampaio.

O deputado comunicou que todos os requerimentos serão submetidos à análise dos demais partidos de oposição para que sejam apresentados de maneira conjunta. Vão ser propostas também a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e do ex-gerente de Engenharia da Diretoria de Serviços da estatal Pedro Barusco.

Outros convocados

Haverá ainda a tentativa de convocar Mário Goes, apontado como um dos operadores financeiros do esquema que atuava em nome de grandes empreiteiras; Júlio Faerman, indicado pela investigação como o representante da SBM Offshore, que intermediou pagamentos de propina; o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado; e Fernando Soares, que seria o agente financeiro do PMDB. Além deles, os oposicionistas pretendem levar à CPI os executivos Eduardo Leite (Camargo Corrêa), Augusto Mendonça (Toyo Setal), Júlio Camargo (Toyo Setal) e Ricardo Pessoa (UTC Engenharia).

Os integrantes do colegiado pretendem obter o compartilhamento do acervo da CPMI da Petrobras, feita ano passado, de todos os levantamentos dos sigilos dos inquéritos no âmbito da Procuradoria-Geral da República, processos da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) e os documentos em posse do juiz federal Sérgio Moro.

Outro alvo da oposição será o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que se reuniu com advogados da empreiteira Odebrecht. O encontro, cujo assunto não foi relatado na agenda pública da pasta, despertou a indignação de Moro e do ex-presidente do STF Joaquim Barbosa, que chegou a pedir a demissão do petista. A empresa é alvo da Operação Lava-Jato.