A situação lastimável das escolas públicas do DF motivou o adiamento do início do ano letivo, de 9 de fevereiro para esta segunda-feira. Mas o atraso de 14 dias não foi suficiente para a reforma de 148 unidades de ensino, de um total de 657. “Foram feitos muitos esforços para que pudéssemos organizar as escolas minimamente, mas elas não ficaram no ponto ideal que desejávamos”, admitiu o secretário de Educação, Júlio Gregório. Com isso, 33% dos colégios vão começar as aulas com a promessa de manutenção ao longo do ano, de acordo com a disponibilidade de recursos. O Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) diz que é “deplorável” a situação de algumas instituições. Os professores farão uma assembleia na segunda. Se não houver acordo com o GDF para o pagamento de salários atrasados, a promessa é de greve. Pelo menos 3,2 mil temporários foram convocados pela Secretaria de Educação.
Ao todo, 447 escolas necessitam de reparos, segundo a pasta. Pelo menos 300 deveriam estar prontas. Mesmo com o atraso das obras, o secretário garante que 172 foram recuperadas. “As equipes estão trabalhando até nos fins de semana. As escolas que não foram recuperadas totalmente terão condições mínimas de receber alunos”, assegura Gregório.
Fevereiro foi um mês de escolas vazias e obras paradas. Na maioria dos casos, não foram grandes mudanças: troca de telhados, conserto de fiação elétrica e reparos hidráulicos lideram a lista de serviços. A pintura será a mesma do ano passado, por falta de dinheiro. “Os indicadores eram piores do que se pensava”, justifica o secretário.
Entre as escolas com obras mais amplas, estão o Centro Educacional 7 de Ceilândia e a Escola Café sem Troco, em São Sebastião, que será ampliada. A secretaria identificou que três unidades terão que ser demolidas: noLago Norte, no Riacho Fundo e no Paranoá. Essas reformas serão feitas em parceria com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). “Algumas coisas são apenas paliativas nessas obras. O governo tem que se preocupar com paredes rachadas, muros caindo e questões de segurança”, contesta Washington Dourado, diretor do Sinpro-DF.

Greve

O parcelamento de salários atrasados não agradou aos professores. A categoria realizará uma assembleia na segunda-feira, em frente ao Buriti, a fim de chegar a um acordo com o governo. Os professores exigem o pagamento integral da dívida, que chega a R$ 120 milhões. “Queremos que o GDF quite esse débito imediatamente. Se não houver acordo, vamos iniciar o ano letivo em greve” garante Washington.
A Secretaria de Educação justifica que não há recursos para sanar toda a despesa e que aguarda a análise do Tesouro Nacional e do Banco Central sobre a Antecipação de Receita Orçamentária (ARO). A medida já foi aprovada pela Câmara Legislativa. “Se depender do caixa do GDF, não há pagamentos. A alternativa foi parcelar. O governo tem interesse em quitar e dar normalidade a essa situação”, afirma Gregório. Se a ARO passar pelas duas instituições financeiras, há a possibilidade de o governo quitar todos os atrasados. “Se conseguirmos esse dinheiro no mercado financeiro, vamos efetuar o pagamento integral”, garante o secretário.
Para o início do ano letivo, a secretaria contratou pelo menos 3,2 mil professores temporários paras sanar vacâncias diversas. Ao todo, a rede pública do DF tem 73 mil docentes, dos quais 20 mil estão inativos. Segundo a pasta, o reforço é para garantir normalidade no retorno dos alunos. “Esses professores já se apresentaram à coordenação regional de ensino, conheceram a escola e a turma em que vão trabalhar”, explica Gregório.