Ex-diretor da construtora Odebrecht, Shinko Nakandari — um dos 11 operadores do esquema bilionário de corrupção que atuava na Petrobras, descoberto na nona fase da Operação Lava-Jato — fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. É o 13º acordo de colaboração firmado com suspeitos de integrar a organização criminosa. O primeiro delator relevante que se dispôs a contar o que sabia para tentar reduzir a pena foi o ex-diretor de Abastecimento da petroleira Paulo Roberto Costa. De acordo com a investigação, Nakandari atuava em favor das empresas Galvão Engenharia, EIT Engenharia e Contreiras na operacionalização do pagamento de propinas decorrentes de contratos firmados com a estatal. O ex-executivo foi funcionário da Odebrecht entre 1976 e 1992 e chegou a ocupar o cargo de gerente. A Galvão Engenharia informou à Justiça que Nakandari, dono da LFSN Consultoria Engenharia S/S Ltda., era o principal emissário da Diretoria de Serviços da Petrobras. Conforme a empresa, Nakandari teria recebido da empreiteira R$ 8,86 milhões de propina. Os valores teriam sido cobrados, mediante contratos simulados, pelo ex-diretor da Odebrecht. Para provar o que estava alegando, a Galvão Engenharia, uma das investigadas pela Lava-Jato por suspeita de integrar o esquema criminoso, apresentou à Justiça Federal do Paraná comprovantes do suborno. A defesa de Erton Medeiro, diretor-presidente da construtora, indicou que a propina, paga em 20 parcelas, entre novembro de 2010 e junho deste ano, foi direcionada a Nakandari, “pessoa que se apresentou como emissário da Diretoria de Serviços da Petrobras na presença de Pedro Barusco”. Até 2012, a diretoria em questão era comandada por Renato Duque, que chegou a ser preso em novembro, mas foi solto por força de liminar do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), 19 dias após a detenção. Barusco exercia o cargo de gerente de Engenharia, subordinado a Duque. Os advogados de Erton Medeiros alegaram que a Galvão Engenharia teve de fazer o pagamento para não ter problemas nos contratos.

Mercado naval

A Polícia Federal espera, agora, o acordo de leniência da empresa Camargo Corrêa para impulsionar os inquéritos que apuram o bilionário mercado naval da Petrobras. O ex-gerente de Engenharia da petroleira Pedro Barusco narrou pagamentos de propina de estaleiros com o objetivo de venderem navios-sondas com sobrepreço. Assim como Nakandari, os demais operadores do esquema tinham atuação bastante semelhante à movimentação do doleiro Alberto Youssef, preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba desde março do ano passado. Com base em informações do delator Pedro Barusco, o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), pediu à Procuradoria-Geral da República e ao Ministério da Justiça que a Lava-Jato estenda as investigações para o período do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).