O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve instalar hoje uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar desvios na Petrobras. Com apoio de 52 deputados da base aliada, a oposição confirmou ontem o número necessário de assinaturas para fazer a apuração, que deve iniciar no fim de fevereiro, após o prazo de cinco sessões ordinárias para indicação dos integrantes do colegiado. O partido da base que mais apoiou a CPI foi o PDT, sendo que 14 dos 20 deputados da legenda assinaram o pedido de investigação, incluindo o líder da bancada, André Figueiredo (CE). Em seguida foi o PSD, com 13 parlamentares a favor da CPI, e PMDB, com dez - um deles é candidato a líder do partido na Câmara, Danilo Forte (CE). Também rubricaram o pedido da oposição deputados do PR, PP, PRB, Pros e PTB, todos com ministros na Esplanada. Ninguém do PT assinou. Sem o apoio da base aliada, a oposição não teria alcançado as 171 assinaturas necessárias para iniciar a apuração - o documento foi subscrito por 182 deputados. No ano passado, também foi o apoio de partidos governistas, em especial o PMDB, que permitiu a instalação da CPI mista, composta por deputados e senadores. Nos bastidores, já começou a disputa pelo controle da CPI para evitar um desgaste maior do governo. O líder do PT, Sibá Machado (AC), afirmou que, como o partido é a maior bancada da Câmara, caberia aos petistas indicarem o presidente ou relator da comissão. O mesmo valeria no caso de uma CPI mista, em que o PMDB do Senado escolheria o cargo que quer (presidência ou relatoria) e o PT ficaria com a outra função. Sampaio afirmou que, nas CPIs dos Correios e dos Sanguessugas, o presidente era do partido e mesmo assim as investigações avançaram. A oposição já planeja o roteiro de trabalho, com a convocação de ex-diretores da Petrobras ligados ao PT e partidos aliados, e defende recuperar as informações apuradas na CPI mista em 2014 e avançar sobre os políticos com foro privilegiado. Além da CPI da Petrobras, outros quatro pedidos de investigação já foram protocolados: dos planos de saúde (requerimento do PSOL), das pesquisas eleitorais (de um deputado do PR), dos motivos e soluções para a violência no país (PT) e sobre a violência contra negros (também do PT). Pelo regimento, cinco CPIs podem funcionar ao mesmo tempo, mas cabe ainda análise do presidente da Câmara sobre se há fato determinado para a comissão apurar. A oposição ainda discute se prioriza a CPI exclusiva da Câmara, que já tem as assinaturas necessárias, ou uma mista, com participação também dos senadores - faltam, contudo, o apoio de cerca de 20 deputados para alcançar o número necessário e de todos os 27 senadores, que ainda estão envolvidos na distribuição de cargos na Casa. Segundo o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), parte da oposição defende aguardar a instalação de um CPI mista, composta por senadores e deputados, por entenderem que teria mais legitimidade, mas esta não é sua posição pessoal. "Tenho clareza de que a CPI da Câmara tem infinitamente mais força por causa da divisão maior na questão partidária", disse.