Aroldo Cedraz: atual presidente do Tribunal de Contas da União poderá se licenciar do cargo para poder votar Após quase seis meses e com uma saia-justa entre os ministros, o processo que trata da compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras será retomado hoje no Tribunal de Contas da União (TCU). A discussão foi paralisada em 27 de agosto, quando o plenário deliberava sobre o bloqueio dos bens da então presidente da estatal, Graça Foster. A votação contabilizava maioria favorável à Graça (cinco votos a dois) quando foi interrompida por um pedido de vistas do ministro Aroldo Cedraz, hoje presidente da Corte de contas. A retomada do processo foi anunciada pelo ministro Vital do Rêgo na quarta-feira, quando ele tomou posse no TCU, em substituição a José Jorge, aposentado em novembro de 2014. Apesar de ter herdado a relatoria do processo de Pasadena, Vital não poderá votar, visto que seu antecessor já o fez. Crítico da operação, José Jorge votou pelo bloqueio dos bens de Graça Foster, que na semana passada foi substituída por Aldemir Bendine no comando da estatal. O principal impasse envolve o voto de Cedraz no caso. O regimento do TCU prevê o voto do presidente apenas diante da necessidade de desempate. A situação de Cedraz - que ainda não havia assumido a presidência quando pediu vistas do processo - não está prevista e, por isso, terá que ser debatida entre os ministros. A expectativa é que a discussão ocorra durante a sessão reservada do plenário. Nos bastidores do tribunal, fala-se da possibilidade de Cedraz pedir uma licença relâmpago da presidência para poder votar. Se isso acontecer, há chance de constrangimentos no colegiado, já que o ministro Augusto Nardes - que era o presidente quando a matéria foi julgada - não votou. Também não há definição se ele poderá votar amanhã. O caso ganhou tempero ainda mais polêmico recentemente, quando Cedraz se movimentou no sentido de revisitar o relatório de José Jorge, que apontou um prejuízo de US$ 792 milhões com a aquisição de Pasadena e determinou o bloqueio dos bens de 11 executivos da Petrobras. Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", o presidente do TCU encaminhou a Vital do Rêgo uma proposta de reavaliação do relatório e, consequentemente, das punições definidas. Ao ser questionado sobre o despacho do presidente do TCU, Vital preferiu não antecipar sua avaliação. Disse apenas que tomou conhecimento do documento e que concorda com alguns pontos colocados por Cedraz, mas discorda de outros e levará sua posição para o plenário. Apesar da maioria obtida em agosto por Graça Foster, após grande pressão do governo, a votação de hoje ainda pode reservar surpresas. Isso porque existe a possibilidade de os ministros alterarem seus votos, baseados em novas informações que surgiram desde o pedido de vistas. Na época, o principal argumento do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, era de que um eventual bloqueio dos bens de Graça teria impacto negativo muito grande sobre a empresa, podendo levar a perdas significativas. Agora, com o novo presidente da Petrobras já anunciado, o cenário pode mudar.