Em um ato para repelir o atentado contra um promotor de Justiça baleado em Minas Gerais, o procurador- geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que existem “fatos concretos” que revelam ameaças à sua segurança. Como revelou o site do Correio na quinta- feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, comunicou ao procurador que informações de inteligência detectaram ameaças ao procurador, que reforçou as medidas de controle no dia seguinte. Entre as situações, ele revelou um arrombamento em sua casa. “Não sou uma pessoa assombrada, mas alguns fatos concretos têm me levado a adotar algumas regras de contenção.” “Minha casa foi arrombada no fim de janeiro. Por causa dos alarmes, essas pessoas tiveram, no mínimo, 8 minutos dentro da minha casa”, afirmou ele, em Uberlândia (MG) ontem. “Tinha lá uma pistola .40, três carregadores com 14 balas cada um, máquina fotográfica, tudo de valor , e a única coisa que foi levada foi o controle de portão.” A partir do episódio, Janot passou a se precaver. Seguranças daProcuradoria-Geral da República passaram a vigiar a residência dele, no Lago Sul, 24 horas.“Tenho recebido relatórios de inteligência. Nos últimos, parece que aumentou um pouquinho o nível de risco.” Depois do aviso do ministro da Justiça, aumentaram também os vigilantes na porta do gabinete de Janot, na cobertura da PGR. Ontem, durante o evento em Minas, 80 policiais militares fizeram a segurança do procurador. Janot não quis vincular as ameaças à Operação Lava-Jato, mas disse que as investigações mais eficazes causam esses problemas. “A partir do momento em que você consegue atingir um número maior de pessoas, maior eficácia no seu trabalho, na sua atividade, esse tipo de risco aumenta.” Após o ato em solidariedade ao promotor Marcus Vinícius Ribeiro Cunha, Janot disse que a “a corrupção e crime organizado são dois cânceres que corroem a sociedade brasileira”. “O Ministério Público brasileiro reage institucionalmente de forma pronta quando algum membro seu é alvejado ou ameaçado.”

Audiências

Ontem, o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, tomou depoimento de cinco testemunhas de defesa dos executivos da Camargo Corrêa. Por meio de videoconferência, foram ouvidos Alessandra Mendes da Silva, Eduardo Maghidman, Jorge Arnaldo Yasbek, Enes Marques Faria e Rodol Schlemm. Até o fechamento desta edição, dois executivos negociavam acordo de delação premiada. Na segunda-feira pela manhã, serão ouvidos depoentes chamados pela defesa de executivos da UTC e da Camargo. Executivos da Toyo Setal e delatores da Lava-Jato serão inquiridos novamente. À tarde, os dois principais delegados da operação, Márcio Adriano Anselmo e Érika Mialik Marena, trocam informações com Moro.