Título: Choque a 170km/h
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 13/07/2011, Brasil, p. 8

Por volta das 18h48 de 17 de julho de 2007, um Airbus A-320 da TAM Linhas Aéreas que fazia o voo JJ3054, de Porto Alegre para São Paulo, pousou na pista principal do Aeroporto de Congonhas, mas não conseguiu parar. A aeronave percorreu toda a extensão na velocidade aproximada de 170km/h, derivou à esquerda, ultrapassou o canteiro, sobrevoou a Avenida Washington Luís por cima dos carros e se chocou contra o prédio da TAM Express. Um incêndio de grandes proporções destruiu completamente a aeronave e o edifício (foto). Morreram 199 pessoas ¿ 187 que estavam a bordo do avião e 12 que se encontravam no terminal de cargas aéreas atingido.

A pista, que havia sido liberada 20 dias depois de passar por uma reforma, ainda não tinha recebido o grooving, ranhuras que ajudam no escoamento da água. Nem havia sido feita inspeção técnica para a liberação do local. Nas 48 horas anteriores ao acidente, houve 12 reportes sobre dificuldades de operar por conta da pista escorregadia. O avião operava com um dos reversos (sistema que ajuda na frenagem) inoperante, o que teria aumentado ainda mais as dificuldades do pouso. Uma mudança na forma de operar no caso de reverso travado não teria sido seguida, por negligência ou desconhecimento, pelos comandantes, conforme verificou a Aeronáutica em suas investigações. (RM)

As acusações Saiba o que consta do documento do MPF contra cada um dos denunciados

Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro (era diretor de Segurança de Voo da TAM)

Alberto Fajerman (era vice-presidente de Operações da TAM)

» Não tomaram providências para que, após inúmeros avisos no sentido de que a pista principal do Aeroporto de Congonhas estava escorregadia, as aeronaves da TAM fossem redirecionadas para outro aeroporto.

» Deixaram de divulgar, a partir de janeiro de 2007, aos pilotos da TAM que o procedimento de operação com o reverso desativado (pinado) da aeronave Airbus A-320 havia mudado, depois de 12 acidentes similares. A investigação mostrou, pela posição dos manetes, que a tripulação teria adotado a norma antiga.

Denise Maria Ayres Abreu (era diretora da Agência Nacional de Aviação Civil ¿ Anac)

» Liberou a pista principal do Aeroporto de Congonhas, em 29 de junho de 2007, sem a realização do serviço de grooving (ranhuras que melhoram o atrito) e sem fazer formalmente uma inspeção, conforme determinam os padrões de segurança aeronáutica, após o término das obras de reforma da pista.

» Apresentou pessoalmente ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em fevereiro de 2007, documento da Anac que previa restrições para as operações no Aeroporto de Congonhas, em especial de aeronaves com sistema de freio inoperante, como se fosse uma norma. Acreditando na validade da restrição, a Justiça liberou a pista. Só depois do acidente, a falsidade do documento veio à tona.