Dois ministros tomaram posse ontem com discursos em defesa da Petrobrás na linha adotada anteontem pela presidente Dilma Rousseff. Eduardo Braga, de Minas e Energia, e Valdir Simão, ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), prometeram combater a corrupção, citando os “predadores internos e inimigos externos” da Petrobrás. A expressão foi usada pela presidente durante seu discurso de posse.

Braga, durante cerimônia de transmissão do cargo, disse que as denúncias de corrupção na empresa são fatores que perturbam o mercado, mas afirmou que não se deve “demonizar” a companhia. “As denúncias envolvendo a Petrobrás constituem fatores de perturbação do mercado.”

O titular de Minas e Energia afirmou que as denúncias que forem comprovadas pelos órgãos de controle serão consideradas para a “necessária punição dos culpados”. Na avaliação dele, a companhia está dando respostas adequadas aos questionamentos. “Não devemos e nem podemos demonizar a empresa”, pediu. “Acho que a Petrobrás é maior que tudo isso”, acrescentou.

Questionado, o ministro não respondeu a perguntas sobre quem seriam os “predadores internos e inimigos externos” da empresa. “Não poderia eu nominar os inimigos internos ou externos. O que nós podemos dizer é que há uma conjuntura internacional em que há uma estratégia para desvalorização do barril do petróleo. Sabemos que isso não é uma política que poderá ser sustentada indefinidamente.” O ministro disse que ainda não está definida a nova composição dos membros do Conselho de Administração da Petrobrás. O assunto deve ser tratado nas próximas semanas com a presidente Dilma Rousseff.

Implacável’. O novo ministro da CGU, Valdir Simão, prometeu o combate “implacável” à corrupção. “É tarefa da CGU ser implacável com aqueles que não andarem na linha. Se por um lado haverá a mão que orienta, por outro haverá a mão que julga e pune com rigor os desvios. Como disse a presidente Dilma, a corrupção deve ser extirpada da sociedade.”

Simão ainda citou a declaração da presidente Dilma Rousseff em defesa da Petrobrás, feita em seu discurso de posse. “Como disse a presidente, temos que defender as nossas empresas de predadores e inimigos. As estruturas de governança e de compliance devem, sim, ser criadas e aprimoradas, funcionando em articulação com as ferramentas de auditoria e investigação”, afirmou Simão.

O novo ministro defendeu a necessidade de maior interação com ministérios, autarquias, fundações e estatais no combate à corrupção. E considerou “indispensável” a modernização de mecanismos de controle interno. “Pretendo intensificar o uso da tecnologia da informação (TI) para incrementar o alcance desta Controladoria. É mandatória a aplicação de ferramentas de TI na fiscalização das políticas públicas.”

Uma das primeiras atribuições de Simão na CGU é participar das discussões finais sobre o decreto que regulamentará a Lei Anticorrupção, em vigor desde 2013. O texto final ainda está sendo acertado pela equipe do Palácio do Planalto.