Título: À procura de sócios
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Fonte: Correio Braziliense, 14/07/2011, Economia, p. 15

Com as vendas em queda, o Carrefour já se movimenta em busca de uma solução para as suas operações brasileiras, consideradas as melhores da empresa francesa. Foi o que deixou claro ontem o diretor financeiro da rede varejista, Pierre Bouchut, em conferência com analistas. Ao ser questionado sobre o futuro do grupo, ele disse que há possibilidade de se estudar uma nova proposta de fusão no Brasil, desde que sejam apresentados outros mecanismos de financiamento, sem a inclusão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A determinação do Carrefour em encontrar um novo caminho começou logo depois do anúncio formal de desistência do Pão de Açúcar de uma proposta de fusão com a rede. O presidente mundial da varejista francesa, Lars Oloffson, preparou um comunicado aos empregados da filial brasileira afirmando que acredita na operação local e que está comprometido com o negócio. A expectativa é de que o executivo ressalte que a companhia não tem a intenção de deixar o Brasil, mas está aberta a acordos de sociedade que resultem em incremento nas vendas.

O clima no Carrefour não é dos melhores. O seu comando apostava todas as fichas na fusão com o Pão de Açúcar, processo liderado por seu dono, Abilio Diniz. Mas depois de semanas de queda de braço, os interesses da empresa foram atropelados por seu maior rival e sócio da rede brasileira, o Casino, cujo presidente, Jean-Charles Naouri, fuzilou os planos de Diniz.

Naouri chegou a se reunir com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, para reforçar a sua posição e pedir que a instituição desistisse de financiar a fusão. O banco, que a princípio apoiava as negociações, disse que só colocaria dinheiro na transação se houvesse acordos amigáveis. O que não ocorreu.

Há quem acredite na possibilidade de, mais à frente, quando a poeira assentar, o Pão de Açúcar voltar a conversar com o Carrefour. As negociações seriam, porém, tocadas pelo Banco BTG Pactual, que estruturou a proposta apresentada por Diniz e detonada por seus sócios. Na instituição financeira, diz-se que a operação começou errada e que o dono do Pão de Açúcar se fiou demais nas suas relações com o governo, que ficaram fragilizadas depois da demissão de Antonio Palocci da Casa Civil.