Título: Pedágio indecoroso
Autor: Pariz, Tiago ; Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 15/07/2011, Política, p. 2

O Ministério dos Transportes está no centro do furacão devido a seguidas denúncias de irregularidades por superfaturamento de obras e desvio de recursos. A mais recente, um aumento de R$ 11,9 bilhões para R$ 16,4 bilhões do dinheiro destinado para projetos com ferrovias, tocada pela Valec, órgão que o PR não quer mais administrar. Esse crescimento foi apontado pela presidente Dilma Rousseff como "abusivo". A Valec era comandada por José Francisco das Neves, o Juquinha, ligado ao líder do PR, o deputado Valdemar Costa Neto (SP).

Em 2009, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a dizer numa reunião ministerial que pretendia homenagear Juquinha com a maior honraria da República pelo trabalho que vinha tocando na Valec, sobretudo na questão da Ferrovia Norte-Sul.

O superfaturamento de obras na Valec e no Dnit teria como objetivo reverter parte da verba pública para os cofres do PR. O esquema teria como personagens, além de Juquinha, Mauro Barbosa, chefe de gabinete do ministro; Luís Tito Bonvini, assessor do ministério; e Luís Antônio Pagot, diretor-geral do Dnit afastado desde o início da crise.

O pedágio político pago por empresários e consultorias de engenharia seria de até 5% sobre o valor das obras do governo federal. Valdemar Costa Neto é apontado por vários integrantes de construtoras como o responsável por filtrar as empresas que poderiam assinar contratos com o Ministério dos Transportes. (TP)