O governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou superavit primário de R$ 10,4 bilhões em janeiro, o pior saldo para o mês desde 2009. Havia uma grande expectativa em torno do resultado, por ser o primeiro de Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda. O número ficou aquém da média de R$ 12 bilhões projetada pelo mercado e 20% abaixo da economia feita no mesmo mês de 2014, de R$ 13 bilhões. Ao assumir a Fazenda, Levy prometeu economizar 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), ou R$ 66,3 bilhões (incluindo estados e municípios), para pagar juros da dívida e resgatar a credibilidade da política fiscal. Em 2014, o país computou rombo total de R$ 32,5 bilhões. Apesar do saldo positivo no primeiro mês do ano, poucos analistas acreditam que o governo conseguirá cumprir a meta integral de superavit primário.“Vai ser bastante difícil atingir a meta cheia. Ela foi estabelecida com uma previsão de alta de 0,8% no PIB, mas, na minha opinião, o país deve encolher entre 0,4% e 0,7%. Com um PIB desse, totalmente diferente, não dá para manter uma meta irrealista e achar que ela será cumprida na marra”, afirmou o especialista em contas públicas Felipe Salto. A opinião é compartilhada por Gabriel Leal de Barros, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV ). “O mercado não espera nenhuma mágica. O mais importante é a dinâmica do risco político, ou seja, como todas as medidas de ajuste se tornarão realidade”, destacou. O secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, reforçou que a meta de 1,2% está mantida e que certamente outras medidas serão adotadas pelo governo para garantir o seu cumprimento, e citou o decreto que limita despesas, publicado ontem. “Vamos pagar o passado e pensar nas novas despesas”, disse ele sinalizando a preocupação do governo com a qualidade dos gastos.