Ojuiz federal Sérgio Moro, à frente dos processos no âmbito da Operação Lava- Jato, determinou, na tarde de ontem, o bloqueio de cobertura avaliada em R$ 7,5 milhões, no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, pertencente ao exdiretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, ele responde por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O ex-executivo da estatal nega a propriedade do imóvel. A cobertura está registrada em nome de uma offshore de outro réu, o advogado uruguaio Oscar Algorta. A Procuradoria da República no Paraná acatou denúncia contra os dois por entender que eles esconderam o dinheiro de crimes de corrupção na petroleira por meio do apartamento e de investimento na offshore Jolmey S/A. Entretanto, Moro rejeitou a ação contra o lobista Fernando “Baiano” Soares alegando não haver provas da participação dele nas transações do imóvel. A denúncia de formação de quadrilha também foi negada.

O juiz também recebeu a denúncia por lavagem de dinheiro aberta contra Cerveró, Baiano e Algorta. O ex-diretor e Baiano foram denunciados em dezembro por terem supostamente pedido US$ 40 milhões em propina ao operador Júlio Camargo, da empreiteira Toyo Setal, para a compra de dois navios-sondas. Na nova denúncia, divulgada ontem, os nove procuradores dizem que houve pedidos de suborno “em diversos outros contratos da área internacional que ainda estão sob investigação”. O MPF acusa Cerveró de usar o cargo para favorecer contratações de empreiteiras desde que elas pagassem suborno. O intermediário das propinas seria Fernando Baiano, apontado pela investigação como o operador do PMDB. A sigla nega. O Ministério Público Federal assegura que Algorta lavou o dinheiro ao comprar para Cerveró a cobertura.

O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, afirmou que a acusação é falsa. Ele nega que o cliente seja dono do apartamento. “Essa denúncia é totalmente inepta”, disse Ribeiro.“Não é verdade. E, se fosse,a competência não seria da Justiça do Paraná. Cerveró nega veementemente os termos da acusação.” Ribeiro afirmou que o cliente conhece Baiano, Algorta e o advogado Marcelo Mello, que prestou depoimento usado na acusação, mas nega irregularidades. O advogado ressaltou que o depoimento de Mello foi “deturpado”. O defensor do ex-diretor criticou as duas denúncias contra Cerveró. “A primeira é engraçada. É baseada na delação de Júlio Camargo, que diz que deu dinheiro para Fernando (Baiano) e, possivelmente, para Nestor. E Fernando nega. Agora, eles inventam o crime de quadrilha cometido por duas pessoas.” O defensor de Fernando Baiano, Mário de Oliveira, não retornou aos recados da reportagem. Oscar Algorta é doutor em direito e ciências sociais e foi professor da Universidade de Montevidéu, no Uruguai. Ele não respondeu a pedido de informações feito pelo jornal. Cerveró está preso desde 14 de janeiro. Na terça-feira, a 2ª Turma doSupremoTribunalFederalmanteve Baiano na cadeia, ao negar recurso da defesa.

Denúncia

Ontem, a Petrobras virou alvo de mais uma ação coletiva nos Estados Unidos. A acusação é de que a empresa teria participado de uma fraude na distribuição de energia em Porto Rico e causado mais de US$ 1 bilhão em prejuízos. O processo revela que 20 empresas organizavam a venda de combustível de qualidade inferior pelo preço de um produto melhor, por meio de laudos falsificados.