Após um dia de tensão e de reuniões com representantes dos caminhoneiros, empresas transportadoras e líderes dos setores afetados pelos bloqueios das rodovias, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, anunciou a conclusão de um acordo, com propostas (veja quadro) sendo aceitas pela maioria dos líderes das manifestações. A desmobilização nas estradas começou ainda ontem. Mas Ivar Luiz Schmidt, do Comando Nacional dos Transportes, retirado da primeira mesa de negociações por ter sido considerado “liderança excedente”, avisou, depois de reunião em separado com Rossetto, que o movimento está divididoeosprotestoscontinuam.

Segundo o ministro, as medidas “cobrem grande parte das expectativas” dos manifestantes, mas afirmou que as propostas só seriam mantidas à medida que as estradas fossem liberadas. “Interessa aos caminhoneiros, à sociedade e ao país que haja suspensão do movimento”, ressaltou. O ministro assinalou, ainda, que a manutenção do valor dos combustíveis não é congelamento, mas uma informação da Petrobras.

Mais cedo, a presidente Dilma Rousseff disse que o governo não tem como baixar o preço do diesel e que não há aumento previsto. “Não mexemos (no valor do litro), o que fizemos foi recompor a Cide”, afirmou, se referindo à retomada da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre combustíveis.“As reivindicações dos caminhoneiros são justas e o governo está convicto da importância de manter a Cide e denão flexibilizar a questão fiscal”, afirmou a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, ao sair da reunião no Ministério dosTransportes.

Schmidt chegou à reunião em Brasília se intitulando representante da manifestação que paralisou rodovias. Mas ele, que tem uma microempresa de transportes em Mossoró (RN), foi excluído do encontro, embora o gabinete de Rossetto tenha garantido que seria recebido. “Não conheço o assunto”, desconversou o ministro.

Schmidt disse que, dos 128 bloqueios contabilizados na noite de terça-feira, ele tinha contato com 100. “Duvido que algum líder presente nas reuniões tenha contato com um caminhoneiro em qualquer ponto de bloqueio”, desafiou. Ele sublinhou que o movimento tomou corpo via redes sociais com adesão de autônomos e pequenas empresas. “Queremos frete mínimo de R$ 0,70 por eixo por quilômetro rodado e a redução de R$ 0,50 no preço do diesel”, enumerou.