Ministros da coordenação política saíram ontem em defesa do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, após reunião com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. Os ministros das Cidades, Gilberto Kassab, e do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmaram que Mercadante ,responsável pela coordenação geral do governo, continua ativo nas funções políticas.

“Mercadante continua liderando e fazendo seu papel de Casa Civil, a articulação política é um esforço de todos os ministros”, disse Nelson Barbosa. Já o titular das Cidades, recrutado por Dilma para reforçar a interlocução com o Congresso, disse que “Mercadante é um dos principais ministros”, e “continua com atribuições compartilhadas com todos”.

Dilma esvaziou as atribuições políticas de Mercadante, depois que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e outras lideranças políticas passaram a evitar a interface com o chefe da Casa Civil, bem como com o ministro da Secretaria das Relações Institucionais, Pepe Vargas. Outros articuladores entraram em campo como os ministros Jaques Wagner (Defesa), Eduardo Braga (Minas e Energia) e o vice-presidente Michel Temer. Mas Mercadante segue participando de reuniões: na última semana, foi a um café-damanhã com líderes no Palácio do Jaburu.

Na esteira da demissão do ministro Cid Gomes, Dilma advertiu, durante a reunião de coordenação, ontem, que todos os ministérios devem colaborar com o Ministério da Educação (MEC) para fazer valer o slogan de seu segundo mandato: “Pátria Educadora”.

Ontem cresceram rumores sobre a eventual nomeação do secretário municipal de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, para o MEC. A escolha agradaria o vice Michel Temer, presidente nacional do PMDB, e a bancada do partido na Câmara, que pleiteia uma vaga no primeiro escalão.

Chalita é igualmente próximo a Temer e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ).

Ex-deputado, que não concorreu à reeleição, ele desponta como um possível representante do PMDB da Câmara. Dos sete ministérios controlados pelo PMDB, dois são ocupados por nomes considerados da “cota pessoal” de Temer: o deputado reeleito Edinho Araújo (SP), titular da Secretaria de Portos, e o ex-deputado Eliseu Padilha (RS), ministro da Secretaria de Aviação Civil.

O PMDB da Câmara conta com a nomeação do ex-presidente da Casa Henrique Alves (RN) para o Ministério do Turismo, mas Dilma advertiu, na última sexta-feira em Eldorado do Sul (RS), que somente fará mudanças no ministério após a aprovação das medidas de ajuste fiscal no Congresso.

A relação de Chalita e Cunha remonta à atuação parlamentar do secretário. Logo após a derrota para a Prefeitura de São Paulo em 2012, Cunha , então líder do PMDB na Câmara ,articulou para que o correligionário fosse nomeado presidente da Comissão de Educação. Chalita era acusado de irregularidades em sua gestão à frente da Secretaria de Educação no governo de Geraldo Alckmin, mas Cunha bancou sua nomeação para a presidência do colegiado e compareceu à posse.

No início deste ano, coube a Temer costurar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nomeação dele para a Secretária Municipal de Educação, com vistas a uma possível aliança entre PT e PMDB em 2016, quando o prefeito Fernando Haddad (PT) buscará a reeleição.

Auxiliares da presidente ouvidos pelo Valor afirmam que Dilma dedicará esta semana à escolha do nome e rechaçam as apostas até agora veiculadas, principalmente em torno de Chalita, da ministra da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Nilma Gomes, e do ex-titular da pasta José Henrique Paim, que ocupa uma diretoria do BNDES. O nome de Nilma é um lobby do movimento negro, enquanto Paim não pretende mudar-se do Rio de Janeiro, além de ser um dos principais nomes do lobby da rede privada de ensino superior que pretende manter o financiamento estudantil como um programa garantidor do equilibrio financeiro das escolas.