Título: Cinco perguntas para - Hideraldo Luiz Caron
Autor: Sassine, Vinicius ; Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 19/07/2011, Política, p. 2-4

Diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit

O que o senhor diz sobre os aditivos contratuais irregulares para obras, assinados em sua diretoria? O foco dessa coisa toda não são os aditivos, e nem essa foi a principal preocupação expressada pela presidente naquela reunião em 24 de junho. Dezenas de obras nem sequer começaram. Apenas uma obra teve aditivo superior a 25% desde 2003: o túnel do Morro Alto no Rio Grande do Sul. A média de aditivos no Dnit é de menos de 15% por obra. Os aditivos não elevaram radicalmente o valor das obras.

O TCU aponta aditivo que aumentou em 135% o valor da obra na BR-153 em Minas Gerais. Não é verdade. Se eu fizesse um aditivo de 135%, estaria preso. Não lembro de cabeça do aditivo da BR-153, mas não superou os 25%. Essa obra não tem irregularidade, está concluída. A inauguração foi há um ano e meio. Não há nenhum acórdão do TCU mandando repactuar preços ou reduzir o valor contratual. No caso da rodovia do Amapá, o aditivo foi de prazo. Você quer o quê? Que a gente pare a obra porque o convênio tem 30 anos? Essa obra deve estar pronta no ano que vem. Tem uma sala do TCU no meu andar. Por que eu estaria preocupado?

Sua situação no cargo é complicada. O senhor fica? Estou tranquilo, fazendo meu trabalho. Se vou continuar depende da presidente, não de mim. Não conversei com ela sobre isso nos últimos dias. A última vez foi na reunião de 24 de junho.

Luiz Pagot, quando depôs no Congresso, responsabilizou toda a diretoria do Dnit pela liberação das obras e aditivos. Disse que 90% passam pela diretoria do senhor. Ele falou o que é correto. Os problemas não passam por mim, as obras passam por mim. A partir de agora, nós só vamos fazer suposição. Eu não estou ameaçado. Quem vive nesse mundo da política sabe que os cargos não fazem parte da nossa vida. São provisórios. Eu não estou amarrado no cargo. Se vier a ter de sair, não será uma tragédia. Sou engenheiro, vou trabalhar, como trabalhei a vida toda.

O senhor sai chateado com a presidente? Eu não falo sobre situações hipotéticas.