O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, defendeu ontem que empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato admitam que superfaturaram projetos da Petrobrás e devolvam o dinheiro desviado antes de voltarem a assinar novos contratos com a petrolífera.
Na semana passada, o Estado adiantou que a estatal trabalha para fechar acordos de leniência com as empreiteiras. Segundo o ministro, essa é a única solução para evitar o pior: que as consequências da Lava Jato, operação na qual a Polícia Federal (PF) investiga desvios em contratos da Petrobrás, inviabilizem a produção de petróleo, inclusive no pré-sal.
"Há um risco para o País que é muito sério. Contratos (com empreiteiras) foram implementados e foram eles que permitiram o crescimento da curva de produção de petróleo", afirmou Braga.
Há um impasse entre as empresas e as autoridades para a assinatura das leniências. Para tentar obter os acordos, a Petrobrás sinalizou que deixará de contratar no Brasil e recorrerá ao mercado internacional.
Na virada do ano, a estatal já caminhou nessa direção, ao lançar concorrência internacional convocando estrangeiras a fornecer equipamentos para plataformas, um contrato que foi retirado da gaúcha Iesa, investigada pela PF.
Continuidade. Os reflexos da Lava Jato no projeto de incluir o País no seleto grupo de exportadores de petróleo nos próximos anos preocupa o governo. Para que não seja interrompido, segundo Braga, a atual diretoria da Petrobrás deve ser mantida, inclusive Graça Foster, presidente da empresa. "A curva de produção de petróleo no Brasil voltou a crescer, fruto do trabalho dessa direção da Petrobrás. Não vamos fazer o linchamento do que não existe", afirmou Braga. No dia anterior, o ministro já havia garantido a permanência da executiva à frente da petrolífera.
Nem mesmo os ataques à atual presidente feitos pelo ex-diretor Internacional da companhia Nestor Cerveró, em depoimento à PF, abalam a convicção do ministro em defesa de Graça. Cerveró afirmou que ela participou de reunião com Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, suposto operador do PMDB dentro da Petrobrás. Para que a acusação de Cerveró tenha validade, disse Braga, "ele terá que apresentar provas".
O ministro disse que esteve com Graça recentemente e que, em nenhum momento, a presidente da Petrobrás mencionou intenção de pedir demissão. Em dezembro, em encontro de fim de ano com a imprensa, Graça disse ter entregue o cargo à presidente Dilma Rousseff por três vezes, desde que notícias de desvios vieram a público.