Título: EUA perdem US$ 67,5 bilhões
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 19/07/2011, Economia, p. 12

Medo do calote faz investidores retirarem mais recursos do país, segundo Tesouro. Obama não obtém acordo com republicanos

As dificuldades dos Estados Unidos em se recuperarem da crise e em elevarem o teto de sua dívida têm feito o país assumir um papel mais parecido com o das nações em desenvolvimento da década de 1980. O risco de Washington declarar moratória a partir de agosto já afugenta os investidores estrangeiros. Em maio, o mercado norte-americano registrou a retirada líquida de US$ 67,5 bilhões em aplicações, segundo dados do Departamento do Tesouro. Em abril, o ingresso de recursos havia sido de US$ 66,6 bilhões.

O relatório norte-americano mostra ainda que quando se trata dos investimentos a longo prazo, o fluxo ficou positivo, mas caiu 23% para US$ 23,6 bilhões em maio. Na prática, significa que apesar de os Estados Unidos ainda terem mais investidores estrangeiros como credores de seus títulos, essa proporção vem sendo reduzida.

O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, mostrou ontem estar confiante na elevação do limite de endividamento dos EUA dos atuais US$ 14,3 trilhões, ao afirmar que os principais parlamentares republicanos descartam a possibilidade de um calote. "Apesar do que se ouve, as pessoas estão se aproximando. Temos visto a liderança do partido Republicano considerar o default fora de questão. Isso está encorajando", afirmou em entrevista à TV CNBC.

Sem sucesso Apesar do otimismo, o presidente Barack Obama não obteve progressos nas negociações com líderes do partido Republicano na Câmara dos Deputados. "Como dissemos no fim de semana, as linhas de comunicação estão sendo mantidas abertas, mas não há nada para reportar em termos de um acordo", afirmou Brendan Buck, porta-voz do presidente da Câmara, John Boehner.

Os republicanos aceitam elevar o teto da dívida em até US$ 2,5 trilhões, mas de forma parcelada, em três vezes ao longo de um ano e meio. A oposição, porém, impõe a condição de que cada avanço seja aprovado individualmente pelo Congresso. O partido Democrata rejeitou a proposta chamada de "cortar, limitar e equilibrar".

A Casa Branca avisou que, caso aprovado pelos parlamentares, o projeto será vetado por Obama. "A lei reduziria a habilidade do governo de cumprir seus compromissos principais com os idosos, as famílias de classe média e os mais vulneráveis, enquanto reduziria também nossa capacidade de investir no futuro", justificou Washington.