Título: Reta final na Europa
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 19/07/2011, Economia, p. 12

O tempo está se esgotando para a União Europeia. Na quinta-feira, os líderes do bloco se reúnem em Bruxelas para tentar fechar o segundo pacote de socorro à Grécia, de 85 bilhões de euros, e evitar que a crise se espalhe para as demais economias. Até lá, precisam aparar as arestas que ainda restam entre os dirigentes, especialmente entre a Alemanha e o Banco Central Europeu (BCE). A potência europeia e o banco discordam em como deve ser a participação dos credores privados no resgate.

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, opõe-se à reestruturação da dívida grega, que será interpretada por parte do mercado como uma suspensão parcial dos pagamentos. Já a chanceler alemã, Angela Merkel, não descarta a participação voluntária das instituições privadas numa renegociação dos compromissos gregos. No fim de semana, Merkel declarou ainda que só participará da cúpula se o grupo chegar a um "resultado concreto".

Embora não haja consenso oficial, a convocação de uma reunião é interpretada como um sinal de que os dirigentes estão próximos a um acordo. "O presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, não teria chamado a cúpula se não houvesse um clima satisfatório", comentou um assessor que participa das negociações. O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, por sua vez, afirmou que o país está confiante de que as conversas levarão a um "bom resultado".

A urgência em aprovar o auxílio aumentou depois que a Espanha e a Itália ¿ economias de peso na Zona do Euro ¿ não conseguiram reduzir a desconfiança dos mercados de que são capazes de administrar suas situações financeiras. O receio em relação ao futuro dos dois países ficou claro na elevação dos juros dos títulos de longo prazo (10 anos) de ambas as nações. Pela primeira vez, desde a criação da UE, as taxas ultrapassaram os 6%.

O impasse levou o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, a cobrar dos dirigentes europeus ações mais firmes no combate à crise grega. "O mundo precisa ver que os líderes tomam medidas (...) para colocar em prática mudanças que ajudem a controlar os riscos de uma crise mais ampla", afirmou.

Maratona A Grécia está em busca de consultores para auxiliar na venda de portos, ferrovias e aeroportos, como parte do programa de privatizações de 50 bilhões de euros ¿ uma das ações exigidas para a liberação dos auxílios da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo de Atenas pretende acelerar as negociações e obter 1,7 bilhão de euros até setembro e mais 5 bilhões de euros até o fim do ano.