Título: Crise preocupa o Planalto
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 19/07/2011, Economia, p. 12

Ideli Salvatti admite que país não está imune aos problemas na Europa e nos EUA, mas Michel Temer nega medidas.

O Brasil não está imune diante da possibilidade de um calote da Grécia e das dificuldades do presidente Barack Obama em aumentar o limite de endividamento norte-americano. O cenário de crise internacional foi o principal tema da reunião da coordenação política de governo ontem, no Palácio do Planalto. Mesmo ausente do encontro, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, confirmou a preocupação. "Não somos impermeáveis. Há uma permanente vigília da equipe econômica para tomar as medidas necessárias", disse, em Florianópolis.

Para a ministra, os sinais externos mostram que a crise envolvendo Estados Unidos e Europa pode ser ainda mais séria do que se desenha. "Temos que monitorar sempre", acrescentou. Escalado como porta-voz da reunião, o vice-presidente Michel Temer negou que o governo tenha, no momento, alguma ação concreta para enfrentar o recrudescimento da crise internacional ¿ na semana passada, Ideli havia dito que o governo estudava alternativas. "Não. Neste momento, não temos nenhum medida emergencial em estudo", assegurou Temer. Em entrevista ao Correio, o ex-ministro Maílson da Nóbrega alertou que o cenário de agora é diferente de 2008, pois o Brasil enfrenta um surto inflacionário, o que torna o país bem mais frágil a turbulências externas.

O vice-presidente confirmou que, na reunião, o ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, fez um breve relato da situação europeia e norte-americana. "Houve uma análise principalmente da questão dos Estados Unidos", disse Temer. Barbosa declarou, no encontro, que acredita que Obama e os congressistas chegarão a um acordo, até porque o prazo para as negociações só acaba no fim do mês. "Se o acordo não sair, Obama poderá recorrer à Suprema Corte para garantir os pagamentos da dívida", completou Temer.

O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, também acredita que o Brasil poderá enfrentar turbulências caso o cenário internacional piore. "Se não houver um consenso nos Estados Unidos, ninguém escapa das consequências, pois vai mudar o cenário mundial", admitiu. Na semana passada, durante coquetel oferecido aos líderes da base aliada, no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff também expressou preocupação com o panorama global nebuloso e agradeceu aos parlamentares que, no início do ano, aprovaram o salário mínimo de R$ 545 enviado pelo Executivo sem ceder às pressões da oposição e das centrais sindicais, que queriam um valor mais alto.

Ouro e dólar têm alta Em momentos de pânico, os investidores costumam correr para o ouro. A cotação do metal precioso bateu o recorde ontem na Bolsa Mercantil de Nova York, onde subiu US$ 12,13, fechando em US$ 1.602,40 a onça troy (31,1 gramas). Pela primeira vez, atingiu valor acima de US$ 1.600. A aversão ao risco também fez com que o dólar ganhasse terreno.

A divisa encerrou o dia de negócios em R$ 1,577, com alta de 0,25%.

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