A casa na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, citada pelo policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, a investigadores da Operação Lava Jato em 18 de novembro, pertence ao advogado Francisco José Reis, ex-assessor do presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani. O local teria sido usado para pagamento de propina enviada pelo doleiro Alberto Youssef, segundo o depoimento.

Careca havia dito que ouviu de Youssef que a casa era do deputado Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na Câmara. Depois, em 5 de janeiro, advogados do policial federal enviaram à PF uma retificação do depoimento. Além de informar um novo endereço, diziam não poder afirmar quem era o dono do imóvel.

Na segunda, o advogado do doleiro, Antonio Basto Figueiredo, afirmou que Youssef “não sabe nada a respeito” de entrega de dinheiro ao deputado. Na delação premiada, contudo, o doleiro apontou o empresário Fernando Soares, o Fernando Baiano, como autor dos repasses – Cunha nega ter recebido dinheiro dele.

O proprietário do imóvel, conhecido como Chico Reis, foi assessor parlamentar de Picciani por dez anos. A identidade do dono da casa foi revelada ontem pelo jornal O Globo. 

Cunha negou conhecer Reis e disse estar provado que seu nome foi citado de forma indevida. “A alopragem não funcionou. Não há dúvida de que isso acontece em função da minha candidatura (à presidência da Câmara). Vou querer tirar essa história a limpo”, disse Cunha por telefone, repetindo o termo usado em entrevista em Brasília. “Não tenho nenhuma ideia de quem seja (Reis). Se o cumprimentei em alguma ocasião, não sabia de quem se tratava. Sou vítima nessa história. O cara (Careca) deu um endereço que não era o meu, tenho ligação zero com isso.”

O Estado telefonou para a casa do ex-assessor, mas ninguém atendeu. Eleito deputado estadual, Picciani divulgou nota em que nega ligação com os “personagens envolvidos”. O texto destaca que há 14 anos Reis deixou de trabalhar no gabinete de Picciani.