Título: Cai a qualidade dos recursos hídricos
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 20/07/2011, Política, p. 6

Um panorama dos recursos hídricos do país apresentada pela Agência Nacional de Águas (ANA) ontem mostra que apenas 4% dos 1.747 pontos de monitoramento ao longo dos rios brasileiros apresentam qualidade categorizada como "ótima" ¿ o percentual, no relatório do ano passado, era de 10%. Outra modificação importante ocorreu no quesito "regular", que passou de 12% para 16%. No restante das classificações não houve mudanças importantes: 71% são classificadas como "boa"; 16%, "regular"; e 2%, "ruim". A variação, entretanto, foi minimizada pelos gestores da agência, que enfatizaram uma suposta influência da diminuição de pontos monitorados ¿ 65 a menos do que em 2009 ¿ nos resultados. A ANA, contudo, reconhece que o insumo de pior qualidade está nas regiões metropolitanas e nas cidades de médio porte.

Além de ruim, a água que abastece municípios populosos corre o risco de não ser suficiente em um futuro próximo. As cidades do Distrito Federal, segundo o relatório, estão entre os 9% dos municípios brasileiros onde é urgente a necessidade de um novo manancial. "Com o crescimento da demanda, é natural que as cidades tenham de buscar mais recursos. Aqui, já existe outorga para o início das obras no Lago Paranoá, que servirá como abastecedor. Temos também o Lago de Corumbá 4, com potencial para reforçar o abastecimento", explica Sérgio Ayrimoraes, superintendente adjunto de planejamento de recursos hídricos da ANA. A irrigação, apontada pela agência como responsável por 69% do consumo de água no país, é outra atividade que precisa ser observada.

O relatório da ANA destaca também o aumento de alagamentos e estiagens, entre 2009 e 2010, nos municípios brasileiros (veja o quadro). Dezenove por cento das cidades decretaram situação de emergência ou de calamidade pública no ano passado. Situação semelhante ao que passa atualmente Pernambuco e Paraíba, que já somam 10 mortos pelas chuvas desde domingo. Quase 14 mil pessoas perderam suas casas em deslizamentos ou tiveram que abandoná-las. São 26 cidades paraibanas em estado de emergência. Em Pernambuco, 12 municípios declararam a mesma situação. Nesse locais, os rios cobriram casas e prédios.