Chanceleres dos países-membros da União Europeia decidiram ontem em Bruxelas ampliar as sanções contra a Rússia, que já provocaram € 21 bilhões em prejuízos aos europeus desde 2014. A decisão foi tomada às vésperas da nova rodada de reuniões de Minsk, na Bielo-Rússia, amanhã, mas só entrarão em vigor, no dia 16, caso não haja acordo entre os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Petro Poroshenko.

As sanções afetarão 19 novas personalidades políticas e empresários russos e separatistas ucranianos, além de 9 entidades e empresas. A decisão tinha sido tomada no dia 30 pelo Conselho de Relações Exteriores, o fórum de chanceleres da UE, após um bombardeio que deixou 30 mortos na cidade de Mariupol, no leste da Ucrânia, mas os detalhes só foram decididos ontem.

Em nota oficial, o conselho informou que por unanimidade decidiu ampliar as sanções, incluindo o congelamento de bens e contas bancárias de pessoas, empresas e entidades russas. Os ministros das Relações Exteriores, porém, decidiram adiar o início da vigência das retaliações para o dia 16, dando uma semana a mais para que as negociações intermediadas pelo presidente da França, François Hollande, e pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel, sejam concluídas. “É nosso dever dar uma chance a essa tentativa”, disse a alta representante de Relações Exteriores da UE, Federica Mogherini.

Horas antes, o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, já havia condicionado a implementação das novas sanções à “situação no terreno”, fazendo alusão ao novo cessar-fogo que será discutido na quarta-feira, em Minsk.

Segundo Fabius, os termos de todo o acordo ainda estão sendo negociados, entre os quais, a retirada de armas pesadas do território ucraniano, o respeito a fronteiras e o status jurídico das regiões de Donetsk e Luhansk.

A intenção é pressionar Putin a recuar em seu apoio aos separatistas do leste, ainda que isso signifique um duro prejuízo à balança comercial da União Europeia. Cálculos levados à reunião de Bruxelas pelo ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel García Margallo, indicam que as exportações que deixaram de ser feitas desde o ano passado para a Rússia, quarto parceiro comercial da Europa, já somam € 21 bilhões. “Estamos em uma situação extremamente grave e o acordo que pode ser fechado é a última chance antes de passarmos para um cenário de aumento das sanções”, disse Margallo.

Egito. Enquanto as negociações se arrastam entre as partes, Putin realiza uma visita oficial ao Egito, a primeira em 10 anos. Em entrevista ao jornal Al Ahram – que publicou no fim de semana um perfil intitulado Putin, herói do nosso tempo –, o presidente russo afirmou que não haverá entendimento até que “os próprios ucranianos se concordem entre si”.

“A condição mais importante para uma estabilização da situação é um cessar-fogo imediato e o fim da operação punitiva pretensamente antiterrorista”, disse Putin. O presidente russo foi recebido no aeroporto por seu colega egípcio, Abdel-Fattah al Sissi. Em nota, o Kremlin havia declarado que o encontro tem como objetivo “reforçar os vínculos comerciais e econômicos” entre os dois países.