­SÃO PAULO E BRASÍLIA­ Em visita ontem a São Paulo, na reta final da campanha para a presidência
da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB­RJ) buscou o apoio de dissidentes na bancada do PSDB.
Cunha, um dos quatro candidatos ao cargo, deixou o encontro com tucanos paulistas afirmando que
poderá vencer em primeiro turno.

Os deputados da bancada do PSDB de São Paulo estavam reunidos em almoço e receberam a visita de
Cunha. Já em Brasília, a cúpula do PSB decidiu formar uma força­tarefa para impedir dissidências entre
aliados de Júlio Delgado (MG). Eles cobraram uma maior atuação do presidente do PSDB, Aécio Neves
(MG). Os tucanos anunciaram no fim do ano passado apoio a Delgado, mas têm sido assediados por
aliados de Cunha, como o Solidariedade.
‘NINGUÉM VAI PARA O PROCON’, DIZ CUNHA
Após se reunir com os tucanos, Cunha disse apostar no voto secreto para a escolha da Mesa Diretora
da Câmara, no próximo domingo, e assim alcançar seu objetivo. Ele espera ter o voto de quem
oficialmente apoia outros candidatos:
— Se há um constrangimento de quem quer que seja, ao ser pressionado para não votar em mim, o
voto secreto obviamente me ajuda — afirmou. Delgado reagiu em Brasília: — Inocente é aquele que achar

que que terá todos os votos dos partidos que o apoiam. Não serão todos os votos do PSDB para mim, mas
a dissidência nos outros dois blocos também será grande — afirmou Delgado.
Apesar da corte à oposição, Cunha repetiu que, se eleito, fará uma gestão independente, não sendo
um presidente da oposição nem da “submissão” ao governo. Indagado se adotaria posições contra o
governo, caso receba apoio de siglas da oposição, disse que manterá sua posição de independência:
— Podem vir todos os partidos de oposição inteiros que a minha posição não vai mudar. Ninguém vai
para o Procon reclamar da minha atuação como presidente. Vou fazer aquilo que estou prometendo na
campanha — afirmou .
O presidente estadual do PSDB­SP, Duarte Nogueira, disse que o esperado é que o partido vote unido
em Delgado. Porém, admitiu que não há como garantir que isso ocorra:
— Tem uma orientação de bancada, agora, essas questões você não tem como garantir porque o voto
é secreto.
Também em São Paulo, o vice­presidente Michel Temer minimizou ontem o acirramento da disputa
entre Cunha e o petista Arlindo Chinaglia (SP):
— Acho que há uma disputa natural na Câmara dos Deputados. Fui candidato três vezes e é natural
que ocorram acidentes e incidentes. Acho que nessa última semana há um agravamento nesses
incidentes, mas tenho certeza que, ao final desta semana, feita a eleição, a Câmara se pacifica em torno
do candidato eleito.
O vice­presidente disse não crer no envolvimento da Polícia Federal na gravação denunciada semana
passada por Cunha, que se disse alvo de uma tentativa de constrangimento.
— Não acredito e acho que nem o Eduardo Cunha acredita. Ele me mostrou até um dia essa gravação
e eu sugeri a ele, como ele fez, que levasse ao ministro da Justiça para que exatamente a Polícia Federal
investigasse. A Polícia Federal cumpre seu papel de investigação, não acredito que alguém da PF pudesse
fazer isso.