BRASÍLIA - A seis dias da eleição para a Mesa Diretora do Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), passou a segunda-feira em Brasília em reuniões com aliados, nas quais traçou estratégias para desarmar candidaturas adversárias. Apesar de Renan não ter oficializado sua candidatura à reeleição, seus emissários conversaram inclusive com o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que no sábado foi lançado como candidato a presidir o Senado.

O grupo do peemedebista já havia conseguido abater em pleno voo a candidatura de Ricardo Ferraço (PMDB-ES) — inflada pela oposição — e agora procura se aproximar de nomes como Luiz Henrique (PMDB-SC) e Valdemir Moka (PMDB-MS), que vêm sendo cortejados por oposicionistas para serem candidatos contra Renan. Valadares cobrou publicamente uma posição do presidente do Senado:

— Por enquanto, o Renan está sendo um candidato em off. Na Câmara, os candidatos são oficiais e estão conversando e apresentando seus projetos. Tem que dizer que é candidato. O PMDB tem todo o direito de indicar um candidato, mas não fez isso até agora. Não é estranho? Quanto ao meu nome, se for convocado, aceitarei — disse Valadares.

Os dois principais partidos de oposição no Congresso, PSDB e DEM, apostam que o surgimento do nome do senador Valadares dará força ao movimento para forçar o lançamento de um candidato alternativo a Renan dentro do próprio PMDB.

O PSB decide hoje se oficializa a candidatura de Valadares: dentro do partido há preocupações com uma ruptura com o PMDB. Eles temem seguir em frente com Valadares e perder o direito de indicar um cargo na Mesa Diretora, se Renan vencer. Como terá seis senadores, o PSB poderia ficar com a terceira ou a quarta secretaria.

O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), disse que a oposição quer um nome da base governista capaz de derrotar Renan:

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— Valadares engrossa as fileiras da oposição na perspectiva de uma alternativa (a Renan). Mas estamos conversando com nomes do PMDB e vamos prosseguir. As coisas estão em andamento. Acredito que as chances de um segundo turno existem — afirmou o líder do DEM.

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), vê de forma positiva a candidatura de Valadares para a presidência do Senado. Nos bastidores, a oposição torce para que haja um enfraquecimento do nome de Renan dentro do próprio PMDB.

— Vejo com simpatia. É interessante que haja alternativas para se avaliar o quadro que surge. Sou a favor da política das mil flores, que floresçam mil flores ou nomes. O PSDB se reunirá no sábado — disse Aloysio.



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