O relatório preliminar da Aeronaútica mostra que o piloto do avião de Eduardo Campos não fez o trajeto previsto. Mas não esclarece o que teria provocado o acidente que matou sete pessoas no ano passado.

Há divergências se os pilotos tinham ou não o treinamento para conduzir o avião. O Cenipa, que é o Centro de Investigação e de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos disse que não há documento comprovando que os pilotos tinham treinamento necessário, mas a Agência Nacional de Aviação Civil informou que os pilotos estavam autorizados a pilotar a aeronave.

O Cenipa, Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, não confirma falha humana, mas aponta um erro do piloto, Marcos Martins. Em vez de seguir a rota pré-determinada que obrigava o avião a sobrevoar a pista da Base Aérea de Santos duas vezes, desenhando um longo oito no ar, o piloto tentou fazer um pouso direto, em um trajeto mais curto. A diferença de rota fica clara no mapa fornecido pelo Cenipa.

A investigação mostra que as condições meteorológicas na hora do acidente eram adequadas para o voo e que o piloto tinha condições de pousar o avião.

O relatório do Cenipa não é conclusivo, mas, até o momento, descarta falha técnica e choque do avião com aves ou Vants, Veículos Aéreos Não Tripulados. Também não foi detectado qualquer foco de incêndio antes da queda. Quando caiu, o avião estava a 600 quilômetros por hora.

O acidente aconteceu em agosto do ano passado. Depois de uma tentativa frustrada de aterrisagem, que inicialmente foi justificada pelo mau tempo, o piloto arremeteu e acabou caindo.

As sete pessoas que estavam a bordo, entre elas o candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos, morreram.

Segundo o Cenipa, não há documentos que comprovem que o piloto e o copiloto tinham a formação adequada exigida pela Anac para pilotar o Cesna que caiu. O copiloto deveria ter feito um curso completo sobre o novo modelo da aeronave e o piloto, um treinamento de especialização.

“Essa transição do copiloto e do comandante, a gente verificou que eles não tinham essa transição. A gente recomendou à Anac se assegurar que os outros pilotos que tenham a mesma habilitação no Brasil e operem esse tipo de aeronave tenham passado pelo que o certificador primário fala que é o treinamento de transição de diferença”, afirma o investigador da aeronáutica, o tenente-coronel Raul de Souza.

À noite, a Agência Nacional de Aviação Civil divulgou nota informando que os pilotos estavam autorizados a operar a aeronave e que só teriam que apresentar o registro dos treinamentos específicos para cada tipo de aeronave quando fossem renovar a habilitação, mas não soube informar se o treinamento já havia sido feito. A Anac diz ainda que segundo os registros de voo verificados por meio do Sistema Decolagem Certa, o comandante Marcos Martins havia realizado mais de 90 voos no modelo que caiu em Santos.

O Bom Dia Brasil voltou a procurar o Cenipa à noite, depois que a Anac divulgou a nota, mas a assessoria de imprensa não conseguiu contato com os investigadores para esclarecer essa contradição com a Anac.

O PSB, partido de Eduardo Campos e os advogados da família disseram que só vão comentar o acidente após a conclusão das investigações.