Título: Bancos recuam
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 21/07/2011, Economia, p. 15
Sob pressão do Banco Central, as instituições financeiras já estão reduzindo as apostas contra o dólar nos mercados futuros. Foi o que ficou claro ontem, após a divulgação do fluxo de recursos estrangeiros para o país. Na sexta-feira passada, a autoridade monetária passou a exigir mais capital dos bancos para operar com a moeda norte-americana por meio das chamadas operações vendidas, nas quais ofertam dólares para entrega em uma determinada data mesmo sem ter o dinheiro em caixa. Sobre tudo o que superasse a US$ 1 bilhão, 60% deveriam ser recolhidos aos cofres do BC sem nenhuma remuneração.
Como os as apostas ficaram mais arriscadas e caras, os bancos decidiram trazer dólares que tinham fora do país para reduzir as posições vendidas. Apenas na última segunda-feira, o ingresso de recursos superou as saídas em US$ 7,3 bilhões, elevando o saldo acumulado no mês (até 15 de julho) para US$ 10,1 bilhões. No ano, o fluxo cambial está positivo em US$ 49,9 bilhões. Segundo estimativas da corretora BGC Liquidez, o estoque de operações no mercado futuro recuou de US$ 14,7 bilhões para US$ 6,9 bilhões, adequando-se às novas determinações do BC.
Na tentativa de conter a supervalorização do real, a autoridade monetária manteve firme as compras de dólares no mercado à vista. Até 15 de julho, incorporou US$ 2,5 bilhões às reservas internacionais do país, que já passam de US$ 340 bilhões. "Na atual conjuntura, o BC terá que fazer tudo o que for possível para que, pelo menos, o dólar se mantenha acima de R$ 1,50", disse um operador. "E não será tarefa fácil", completou.