Título: ONU alerta para longa crise de fome
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Fonte: Correio Braziliense, 22/07/2011, Mundo, p. 13

A crise alimentar que se abate sobre a África deve se estender pelo menos até 2012 e exigirá das agências humanitárias a arrecadação de US$ 4,3 bilhões. "Esta não vai ser uma crise curta. A ONU e seus membros esperam combater esta situação pelo menos durante os próximos seis meses", alertou Valerie Amos, subsecretária-geral para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), durante um discurso em Genebra. "Esperamos que as necessidades humanitárias continuarão na segunda metade de 2011 e em 2012, ao menos nos atuais níveis, à medida que os efeitos dos altos preços das commodities, das condições meteorológicas adversas, dos desastres (climáticos) e dos conflitos persistem", acrescentou.

Os doadores contribuíram apenas com 45% dos US$ 7,4 bilhões solicitados pela ONU e por seus parceiros no início deste ano. No entanto, o valor necessário em ajuda aos flagelados subiu para US$ 7,9 bilhões, ante a grave situação no Chifre da África ¿ onde a seca afetou pelo menos 11,5 milhões de pessoas. "Eu espero que os doadores encerrem os vazios no financiamento. Isso fará uma grave diferença para milhões de pessoas", acrescentou Amos. Entre janeiro e maio passado, 800 centros de nutrição espalhados pela Somália trataram 100 mil crianças desnutridas. Em todo o país, são 554 mil.

Resposta urgente Na última quarta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou fome na África e alertou que a situação pode rapidamente se espalhar, caso não haja uma resposta imediata e em larga escala por parte da comunidade internacional. "Cerca de 3,7 milhões de pessoas estão em crise. Precisamos do apoio dos doadores para resolver as necessidades atuais e prevenir sua deterioração", afirmou o sul-coreano.

O presidente somali, xeque Sharif Sheik Ahmed, somou-se aos pedidos de ajuda. "A situação é muito grave e as condições, bastante duras", admitiu. "Nós solicitamos urgentemente uma ajuda rápida", emendou o chefe de Estado. Além da Somália, a estiagem afeta o Djibuti, a Etiópia e o Quênia ¿ os três países também do Chifre da África também dependem de assistência humanitária.