As políticas públicas e ações na luta contra a Aids no Brasil estabelecidas desde a criação do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde conquistaram o respeito e o reconhecimento da Unaids, Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, como referência no combate à epidemia. No país destaca-se a universalização do tratamento, através da lei 9.313 de 1996, que estabelece a distribuição gratuita dos medicamentos necessários aos portadores do vírus HIV.

Apesar dos avanços, desde 1980 até junho de 2014, foram registrados 757 mil casos de Aids no Brasil e, somente até 2013, mais de 278 mil óbitos em decorrência de doenças associadas ao HIV. Muitas ações ainda precisam ser feitas para prevenção, diagnóstico e acesso ao tratamento.

A luta de quem vive com Aids começa na detecção dos primeiros casos na década de 70, nas Américas e na África. Uma década depois (1986) é que elas tiveram um medicamento para a doença, até então considerada altamente agressiva e fatal, quando a FDA, agência americana que regula alimentos e remédios, aprovou o AZT (zidovudina) como o primeiro tratamento capaz de prolongar a vida dessas pessoas. Hoje, temos opções mais eficazes, mais cômodas e com menos efeitos colaterais aos pacientes, levando à redução drástica na quantidade de vírus no sangue, a nível indetectável pelos testes laboratoriais. A boa aderência ao tratamento antirretroviral proporciona aumento da qualidade e da expectativa de vida e, em termos de saúde pública, significa menor transmissão do HIV, menor incidência de doenças associadas, menos hospitalizações e menor custo para o Estado.

As pessoas vivendo com HIV/Aids no Brasil têm acesso gratuito a diversos antirretrovirais, segundo os protocolos do Ministério da Saúde, com a possibilidade de novos medicamentos em um futuro próximo. Aprovado pelo FDA e no Brasil em 2014, o dolutegravir é o mais novo marco no tratamento da Aids, inaugurando uma nova geração de inibidores da integrase, classe de medicamentos que já tem como representantes o raltegravir e elvitegravir, para uso combinado com outros medicamentos antirretrovirais no tratamento de adultos e adolescentes vivendo com HIV.

Os desafios no combate a esta epidemia passam ainda pela diminuição da inflamação que o HIV proporciona e pela cura definitiva dos pacientes. À parte disso e motivo de nosso orgulho, o governo brasileiro sempre teve metas audaciosas para o combate à Aids. Para atingir estes objetivos, é preciso aliar a universalização do tratamento às inovações tecnológicas disponíveis. Até 2020, em pacto estabelecido com a Unaids, 90% das pessoas que vivem com o HIV deverão estar diagnosticadas, 90% destes deverão estar em tratamento e 90% dos que estiverem em tratamento deverão ter a supressão da carga viral. Atingida essa meta, a epidemia de Aids poderá ser intensamente mitigada em nosso país.