RIO - Nesta fase de montagem do segundo governo Dilma Rousseff, o Ministério da Fazenda adotou como estratégia de comunicação do dia a dia o contato com os cidadãos por meio das redes sociais. Nesse modelo, ao contrário das entrevistas a jornalistas que acompanham o noticiário econômico, o ministro Joaquim Levy pode escolher as perguntas às quais vai responder. Na sexta-feira, Levy fez sua estreia no contato com o “povo” ao participar de um bate-papo por meio do Facebook, em que recebeu mais de 400 perguntas e respondeu a apenas oito.

Apesar de ter tocado no tema da inflação e ter mostrado otimismo com o emprego no longo prazo, deixou sem esclarecimento centenas de internautas que fizeram perguntas sobre temas que batem diretamente no bolso ou no interesse dos brasileiros. Em sua seleção, também preferiu não entrar nas questões mais delicadas de política.

A gasolina vai aumentar? Quando os preços vão ficar mais controlados nos supermercados? O dólar pode chegar a R$ 4? É preciso ter 39 ministérios no governo? Teremos mais desemprego? Diante dos escândalos, a Petrobras será privatizada? Estas são algumas das angústias da população, expressadas no bate-papo, que ficaram sem resposta. Também não receberam atenção as muitas reclamações sobre atrasos nos pagamentos das bolsas de estudo da Capes (que, segundo o MEC, teriam sido finalmente acertadas na sexta-feira), na “Pátria Educadora”.

A Fazenda alegou que houve poucas perguntas contempladas porque, apesar de a assessoria de imprensa ter montado uma estrutura, Levy preferiu escrever as respostas pessoalmente. O ministro pretende começar a dar entrevistas aos veículos de comunicação apenas após a reunião do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, que acontece entre os dias 21 e 24. Quando há coletivas, por exemplo, o ministro pode atingir cerca de 97% dos lares (caso da TV aberta) ou aproximadamente 18 milhões de leitores de jornais no país.

PERGUNTAS DOS INTERNAUTAS NÃO RESPONDIDAS

É verdade que a minha gasolina vai aumentar de preço?

Os preços estão incontroláveis nos supermercados. O que o senhor pretende fazer para que essa situação não se torne mais insustentável do que já está?

O que vai chegar primeiro a R$ 5? A gasolina, o dólar, a passagem de ônibus ou a ação da Petrobras????

Existe algum limite para a evolução da taxa de câmbio ou o governo vai deixar que flutue livremente ainda que quebre barreiras de R$ 3 a R$ 4?



Há risco de congelamento de aplicações em sua gestão?

O imposto do cheque vai voltar, ministro?

O senhor considera possível nosso país ter juros reais semelhantes aos de demais países emergentes (na casa de 2% a 3% ao ano)? Pretende adotar medidas neste sentido?

Eu gostaria de saber se você concorda com o ministro Nelson Barbosa quanto ao fato de o número de ministérios no Brasil não ser excessivo. Obrigado.

Ministro, o senhor acha que o combate à inflação impactará na preservação da taxa de desemprego?

Ministro, gostaria de saber qual seria seu plano para que as despesas com o setor elétrico brasileiro deixem definitivamente de serem cobradas do Tesouro Nacional.

O governo pensa em privatizar a Petrobras? A empresa está com uma dívida com o triplo do seu valor, como a empresa vai fazer para pagar essa dívida enorme?

A Caixa Econômica Federal vai ser privatizada?


Quem matou Celso Daniel (prefeito petista de Santo André, em SP, assassinado em 2002, caso em que há divergência sobre se foi um crime político ou comum)?

A presidente lhe deu alguma garantia de que manterá sua autonomia ao longo deste mandato?

Qual o seu posicionamento em relação ao atraso no pagamento das bolsas da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do MEC)? Por que a pátria Educadora não valoriza seus pesquisadores?