Clérigo que acompanhou os condenados disse que todos estavam 'prontos' E 'conformados'

O instrutor de voo livre Marco Archer, executado ontem na Indonésia, recebeu uma última visita antes de ser encaminhado ao local onde seria morto por um pelotão de fuzilamento. Lourdes Archer, tia do brasileiro, visitou o sobrinho na prisão na tarde de ontem, poucas horas antes da morte de Marco. Ela estava acompanhada de outros parentes, que chegaram ontem à cidade de Cilacap, na Ilha de Java. Um canal de TV local chegou a divulgar imagens da família Archer na cidade asiática. Até o fechamento desta edição, Lourdes não tinha sido encontrada pela reportagem do GLOBO.

Também ontem, em entrevista ao jornal local "Jakarta Post", o clérigo Hasan Makarim, responsável por dar aconselhamento religioso ao grupo condenado, disse que eles estavam resignados com a pena. Makarim afirmou também que os presos gozavam de boa saúde e estavam conformados com o destino que teriam.

- Todos eles estão prontos e nenhum deles entrou com pedido de protesto. Disseram que aceitaram nossa decisão legal - contou o clérigo.

archer: 'todo mundo erra'

Dias antes da execução, Archer deu um depoimento ao cineasta Marcos Prado. No vídeo, ele admite ter cometido um "erro gravíssimo", mas pede uma chance para voltar ao Brasil e se desculpar.

"Estou ciente que eu cometi um erro gravíssimo, mas, enfim, eu mereço mais uma chance porque todo mundo erra. Eu quero voltar, então, ao meu país, entendeu?, pedir perdão a toda a minha nação e mostrar para esses jovens aí, que a droga só te leva a dois caminhos: a prisão ou a morte. Eu vou lutar até o fim porque, realmente, a minha vida não pode acabar dessa maneira, de uma maneira dramática, eu sendo fuzilado aqui na Indonésia".

Como disseram jornais locais, as autoridades indonésias prepararam um "esquadrão de tiro, um clérigo e médicos" que costumam participar das execuções - que foram simultâneas e não puderam ser acompanhadas por nenhum civil, nem mesmo familiares das vítimas. A Procuradoria do país explicou que os condenados são avisados da execução com três dias de antecedência, para que possam se preparar mentalmente e para que façam seus últimos pedidos. Essas foram as primeiras execuções do mandato de Joko Widodo, que chegou ao Executivo em outubro do ano passado.