Título: AGU busca laranjas de Estevão
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 16/07/2011, Política, p. 12

Órgão quer encontrar empresas do ex-senador que estejam em nome de terceiros. Ideia é penhorar novos bens para pagar dívida com a União

Um dia depois de o governo comemorar a recuperação de R$ 54,9 milhões dos R$ 923 milhões (em valores atuais) que o Grupo OK deve aos cofres públicos ¿ relativos a desvios de verbas na construção do Tribunal Regional de Trabalho de São Paulo (TRT-SP) ¿, a Advocacia-Geral da União (AGU) avisou que não está satisfeita. O advogado responsável pelo caso, subprocurador regional Diogo Palau, afirmou ontem que a AGU fará buscas para encontrar empresas do ex-senador Luiz Estevão, controlador do grupo, que estejam em nome de laranjas.

Atualmente, 1.255 imóveis de Estevão em Brasília estão bloqueados pela União, como garantia de pagamento da dívida milionária. Os R$ 54,9 milhões recuperados são relativos ao aluguel de 10 imóveis. O subprocurador explica que a "busca" por laranjas é a continuação do trabalho, pois nem mesmo parte dos imóveis já penhorados está no nome da empresa. "Nem esses imóveis de penhora dos aluguéis estão no nome do Grupo OK, estão no nome de outras empresas. É um trabalho de formiguinha, de ir na origem dessas empresas. Vamos detectar se existem outras que sejam relacionadas com o grupo. Seriam esses os laranjas, o que não é efetivamente do Grupo OK, uma forma de tentar fugir", afirma Palau.

O ex-senador solicita à AGU uma audiência, "com participação da imprensa", para discutir os termos do pagamento da dívida. Estevão argumenta que os 10 imóveis que renderam os R$ 55 milhões em aluguéis são avaliados em mais de R$ 1 bilhão, e que a manutenção do bloqueio dos outros bens, assim como a busca por novos, configuram um "excesso de garantia". "Já existem penhorados mais de mil imóveis, que têm valor de avaliação superior a R$ 4 bilhões. Queremos discutir com a AGU os termos do pagamento. Peço que os advogados da AGU marquem uma audiência, com a presença da imprensa. Só três dos 10 imóveis alugados foram avaliados recentemente em R$ 290 milhões", argumenta.

A Advocacia-Geral da União afirma que caberá ao Judiciário decidir se os demais imóveis do Grupo OK serão liberados. De acordo com Palau, se o desbloqueio for confirmado, a União vai recorrer contra a decisão.