Título: Protógenes aposta na PF
Autor: Rizzo, Alana
Fonte: Correio Braziliense, 16/07/2011, Política, p. 13

Segundo o delegado, a Polícia Federal confirma sua participação, em 2003, em investigação envolvendo o juiz que o condenou sete anos depois em outro processo. O conflito anularia a sentença contra ele

Documento obtido pela defesa do deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) na Polícia Federal (PF) pode dar novo rumo ao processo, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga o delegado afastado. A certidão, assinada pelo diretor de Inteligência Policial, Marcos Davi Salem, comprova a atuação do delegado federal na Operação Anaconda, em 2003.

A defesa de Protógenes acredita que o registro poderá anular a decisão da Justiça Federal em São Paulo proferida pelo juiz Ali Mazloum. Na operação de 2003, a PF investigou negociações ilícitas entre criminosos e integrantes do Judiciário. Mazloum foi denunciado pelo Ministério Público Federal e inocentado pelo STF. Os advogados do parlamentar afirmam que, por isso, o magistrado deveria ter se declarado impedido de avaliar, sete anos depois, o caso do delegado afastado.

A sentença do juiz da 7ª Vara Federal de São Paulo condenou Protógenes, em novembro do ano passado, a três anos e quatro meses de prisão pelos crimes de violação de sigilo funcional e fraude processual durante a Operação Satiagraha. A pena, contudo, foi convertida em prestação de serviços à comunidade. No início do ano, o inquérito foi remetido ao Supremo ¿ instância que tem atribuição para investigar parlamentares.

A Operação Satiagraha foi deflagrada pela PF em 8 de julho de 2008 contra um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro. Foram presos o banqueiro Daniel Dantas, sócio-fundador do Grupo Opportunity, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, o investidor Naji Nahas e outras 14 pessoas. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou recentemente as provas obtidas pela operação. Por três votos a dois, a Quinta Turma do STJ concluiu que foi ilegal a participação de integrantes da Agência Nacional de Inteligência (Abin) nas investigações.

Segundo o ofício juntado ao processo do Supremo, assinado pelo delegado da PF Emmanuel Henrique Balduíno de Oliveira, que coordenou a operação Anaconda, "o delegado Protógenes auxiliou na análise de alguns documentos apreendidos no decorrer da operação policial". E completa: "Outras investigações foram realizadas em complemento a original e Protógenes cumpriu mandados de busca e apreensão em investigações derivadas." Como exemplo, o documento cita buscas na empresa Suntur Turismo, em São Paulo.