O Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda atuaram no fim de semana para que não se forme uma tempestade em torno das declarações do ministro Joaquim Levy sobre a presidente Dilma Rousseff. Nem o Palácio nem a Fazenda se pronunciaram sobre o assunto e a assessoria do ministro solicitou a gravação da palestra que ele proferiu na terça-feira, dia 24, para uma plateia de ex-alunos da escola de negócios da Universidade de Chicago, na capital paulista. À noite, o ministério divulgou o vídeo da palestra de Levy, em inglês, na capa do site (goo.gl/tKykZW).

Levy pretende mostrar que as observações feitas a respeito do governo e, especificamente, da presidente Dilma Rousseff, publicadas na edição de domingo do jornal "Folha de S. Paulo", foram tiradas do contexto. "Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes não da maneira mais fácil..... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno", disse o ministro, segundo o jornal paulista.

A declaração foi feita em inglês, idioma de alguns dos espectadores que participavam do evento fechado, e a frase original foi: "I think that there is a genuine desire by the president to get things right, sometimes not the easiest way, but... Not the most effective way, but there is this genuine desire", de acordo com o jornal.

Como uma manifestação pessoal, Levy escreveu à "Folha": "Aqueles que têm a honra de encontrar-se ministro sabem que a orientação da política do governo é genuína, reconhecem que o cumprimento de seus deveres exige ações difíceis, inclusive da excelentíssima senhora presidente Dilma Rousseff, e eles têm a humildade de reconhecer que nem todas as medidas tomadas têm a efetividade esperada".

Na terça feira Levy comparecerá à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, para falar sobre o que os parlamentares estão chamando de "Plano Levy" - as medidas de ajuste fiscal e os próximos passos para recuperar a economia. O líder do bloco de oposição, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), acredita que as recentes declarações do ministro da Fazenda vão esquentar o debate na CAE. Ele ressaltou, no entanto, que o foco principal da comissão será sobre as medidas de corte de gastos.

A fala de Levy, segundo disse o senador ao Valor, evidencia que "o governo está desarrumado, que não há uma sintonia nem mesmo do principal ministro com a presidente". Na avaliação do tucano, esse ruído é uma das "causas da fragilidade do governo". (Colaborou Andrea Jubé)