Um dia após receber o pedido da CPI da Petrobras, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, autorizou que o ex-diretor de serviços da estatal Renato Duque seja interpelado pelos parlamentares, amanhã, às 9h30, em Brasília. A princípio, o depoimento está previsto para ocorrer na Superintendência da Polícia Federal, mas o local pode ser alterado a depender da reunião da Mesa Diretora, marcada para hoje, que analisa a possibilidade de revogar o ato que proíbe que detentos sejam ouvidos na Câmara.“Determino a apresentação de Renato de Souza Duque, mediante escolta da Polícia Federal, em 19/3/2015, às 9h30, para ser ouvido perante a Comissão Parlamentar de Inquérito Petrobras”, escreveu Moro no despacho, sem definir o lugar.
Presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB) afirmou ter orientado os líderes a discutir sobre a revogação do ato na reunião da Mesa. “Vamos decidir sobre o local e sobre a possibilidade de a sessão ser aberta. Ainda está indefinido.”Renato Duque está preso em Curitiba desde segunda-feira sob a acusação de ter transferido 20 milhões de euros (R$ 70 milhões) da Suíça para Mônaco. Além da confirmação da oitiva dele, membros da comissão definiram ontem o calendário das sessões das próximas semanas. Na terça-feira que vem, deputados se reúnem às 14h30 em sessão deliberativa para analisar um pacote de requerimentos.
Na lista para receber a aprovação, está o pedido de convocação do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.Na próxima quinta-feira, dia 26, será a vez dos parlamentares colherem informações do executivo Julio Faerman, representante da holandesa SBM Offshore no Brasil. Nas investigações da Polícia e da Justiça Federal, Faerman é apontado como o lobista responsável por intermediar pagamentos de propina de pelo menos US$ 30 milhões a funcionários da Petrobras. Ele seria o homem- chave a conseguir contratos de aluguel de plataformas de exploração do petróleo que somam R$ 9 bilhões.PrevisãoEm 31 de março, a comissão pretende ouvir o ex-gerente-geral de Implementação de Empreendimentos da Petrobras Glauco Colepicolo Legati. Até o fim do ano passado, Legati também estava à frente da gerência-geral da obra da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Ele foi afastado da função após o resultado das investigações conduzidas pela própria estatal sobre o envolvimento de funcionários em irregularidades nos projetos das áreas de Engenharia e Abastecimento.
Ano passado, Legati não compareceu à CPI mista da Petrobras, justificando a ausência por um atestado médico em que constava hipertensão.Para o início de abril, a previsão da CPI é ouvir o novo diretor de Gás e Energia da Petrobras, Hugo Repsold. O depoimento está marcado para 9 de abril. Hugo Motta explicou que o agendamento dos depoimentos foi possível porque já havia requerimento aprovado em sessão deliberativa. Para convocar Vaccari, será necessário aprovar primeiro o pedido de convocação. Questionado sobre ouvir Vaccari, o petista relator Luiz Sérgio disse acreditar que ele não irá se indispor a prestar os esclarecimentos necessários à CPI.