SÃO PAULO e Brasília - O Instituto Teotônio Vilela, órgão de formação política ligado ao PSDB, publicou ontem texto no qual chama a presidente Dilma Rousseff de "mãe do Petrolão". Postado na página do instituto no Facebook, o texto afirma que o PT deve responder a "12 anos de assalto do partido à empresa", em referência ao esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava-Jato

O PT, por sua vez, protocolou ontem duas interpelações judiciais contra o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, na Justiça do Rio. Barusco, em delação premiada, acusou o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, de receber US$ 200 milhões em propina do esquema de corrupção. O PT ainda apresentou pedidos de sindicâncias nas corregedorias gerais da PF e do Ministério Público Federal para que se apure se houve vazamento seletivo contra a sigla.

A decisão de acionar Barusco havia sido anunciada pelo presidente do PT, Rui Falcão, no último dia 11, após ser revelado que o ex-gerente acusara Vaccari. Falcão chamou Barusco de bandido que faz acusações sem provas.

Já em sua ofensiva nas redes sociais, o instituto tucano diz que "o banditismo petista há muito deixou de ser novidade. O estarrecedor é a inépcia que a presidente da República demonstra para desempenhar suas funções e defender o interesse público". E continua: "Como presidente do conselho de administração da Petrobras por quase oito anos, Dilma foi uma espécie de mãe do petrolão. Cabe a ela e ao PT responder pelos 12 anos de assalto do partido à empresa, durante os quais, segundo revelações da Operação Lava-Jato, meio bilhão de reais foram desviados para os cofres petistas".

As declarações tucanas são respostas à fala de Dilma de semana passada, quando ela atribuiu ao governo anterior ao do PT a falha em investigar a corrupção na Petrobras. Em resposta, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso postou em seu Facebook um texto afirmando que Dilma deveria ter "mais cuidado" para não jogar sobre sua gestão a "responsabilidade" dos casos de corrupção na Petrobras ocorridos nos governos do PT, citando Dilma e Lula. O tucano comparou a tática da presidente a de um punguista que "rouba e sai gritando 'pega o ladrão!'".

Em reação ao artigo do instituto ligado aos tucanos divulgado ontem, o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), criticou o PSDB por usar o órgão, que leva o nome do ex-senador Teotônio Vilela, para ataques políticos:

— É uma coisa de criança. Chega a ser impressionante a forma que o PSDB está tratando questões sérias como essa, usando dessa maneira o instituto que leva o nome de uma pessoa respeitável e que contribuiu tanto pelo Brasil.

Para Sibá, os tucanos precisam fazer uma autocrítica sobre as atitudes que tomaram quando estavam no governo.

— Eles destruíram o país com privatização e deixaram uma mancha na política do país com a compra da reeleição. Enquanto o PSDB não fizer uma revisão, uma autocrítica, fica difícil debater política de forma séria — disse Sibá.

Em outro front, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), apresentou ontem requerimento pedindo ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, informações sobre a lista de advogados de investigados pela PF recebidos em seu gabinete nos últimos três anos. Semana passada, Cunha Lima dissera que Cardozo será convocado na Comissão de Constituição de Justiça do Senado para explicar seu encontro com advogados de empreiteiras investigadas na Lava-Jato. (Colaboraram Cristiane Jungblut e Eduardo Bresciani)