Depois de publicar uma carta aberta no jornal The New York Times rejeitando a acusação de seu país seja uma ameaça, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, discutiu as tensões entre Caracas e Washington com aliados da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba). O mandatário recebeu lideranças do bloco, na sede do governo venezuelano, para consolidar o apoio regional a menos de um mês da Cúpula das Américas, marcada para 10 e 11 de abril, no Panamá. Em audiência no Senado americano, o subsecretário do Departamento de Estado dos EUA para América do Sul e Cuba, Alex Lee, afirmou que a crise venezuelana e as violações de direitos humanos no país serão prioridade da Casa Branca durante o encontro. 

A reunião no Panamá vai promover o encontro entre Maduro e o homólogo americano, Barack Obama, em meio às tensões entre os dois chefes de Estado. Uma semana depois de a Casa Branca aplicar sanções contra sete funcionários do governo venezuelano, acusados de violar direitos humanos, e de classificar o país como uma ameaça incomum e extraordinária à segurança dos EUA, Caracas se dirigiu ao público americano para se defender das acusações de Washington. 

Em carta publicada em um espaço publicitário de página inteira no jornal The New York Times, o governo venezuelano rejeitou que o país represente uma ameaça e exigiu a revogação das punições. O texto, assinado pelo Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, destaca que o país acredita na soberania nacional e no direito internacional e considera a aplicação de sanções uma ordem tirânica e imperial, a qual tem implicações potencialmente de longo alcance. Nunca antes na história da nossa nação, um presidente dos Estados Unidos tentou governar a Venezuela por decreto. É uma ordem tirânica e imperial, afirma o texto. 

Eleições 
O subsecretário americano para América do Sul e Caribe considerou, porém, que a maior oportunidade para a Venezuela resolver seus problemas é por meio de um processo eleitoral confiável. O país terá eleições para renovar o Legislativo ainda nesse ano. Embora a data não tenha sido oficializada, a secretaria Geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) prevê que o pleito ocorra em setembro. Até lá, o governo americano pretende continuar a trabalhar com parceiros na região para garantir a confiabilidade da votação. Precisamos trabalhar com a comunidade internacional e, em particular, com nossos vizinhos na Venezuela, considerou. 

Alex Lee afirmou ainda que a situação na Venezuela será prioridade para Obama durante a Cúpula das Américas e reiterou que as intenções de Washington não são sabotar a economia venezuelana. O trabalho dos EUA na região, no entanto, deve esbarrar na rejeição dos principais atores latino-americanos às sanções impostas a Caracas. Após a Unasul protestar contra as medidas, Maduro recebeu o apoio dos líderes da Alba. Na abertura do encontro, o mandatário afirmou que o objetivo de Washington é recolonizar a Venezuela. Raúl Castro, presidente de Cuba e aliado de Maduro, reiterou que Caracas não está sozinha e prometeu não tolerar a violação da soberania venezuelana. Mais cedo, o ex-líder cubano Fidel Castro salientou, em carta dirigida a Maduro, que a Venezuela está preparada tanto no campo diplomático quanto no militar para enfrentar a política insólita de ameaças e imposições dos Estados Unidos.