Na primeira reunião do novo mandato com os 25 secretários, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou ontem que sua meta será cortar em 15% os cargos comissionados e em 10% os gastos de custeio. Além disso, o governador resolveu "congelar" R$ 6,6 bilhões do orçamento, contingenciando principalmente gastos com obras de infraestrutura.

Com um velado discurso crítico ao governo federal, Alckmin disse ter o dever de fugir de "falsos dilemas" e destacou que São Paulo, nas últimas eleições, rejeitou "a ilusão do populismo fácil". Em seguida, afirmou que os cortes são necessários por conta da insegurança da economia:

- Como este ano não teremos um comportamento mais seguro da economia, então vamos agir com prudência para reduzir os cargos comissionados e os gastos de custeio, para que possamos investir mais no que traz benefícios para a população. Não podemos perder um minuto. A nossa prioridade é fazer mais e melhor com menos dinheiro - disse Alckmin ao abrir a entrevista com os jornalistas ao final do encontro.

Mais de 2 mil dispensados

Segundo o governador, o corte de 15% nos cargos comissionados - o número total é superior a 14 mil em todo o estado - deverá atingir cargos vagos e também já ocupados por funcionários contratados em comissão. Se a meta for cumprida, 2.100 funcionários comissionados serão dispensados este ano.

- A medida não vale para funcionários concursados. Em 2014, anunciamos medida parecida, mas só para cargos vagos. Essa e outras medidas no ano passado, como a venda de um helicóptero e um avião, trouxeram uma economia de R$ 130 milhões. Foram extintos 2.064 cargos. Agora, não; são cargos que estão ocupados - disse Alckmin.

Investimento contido

Além disso, o governador anunciou o corte de 10% nos gastos de custeio da máquina pública e outros 10% de contingenciamento do orçamento das despesas discricionárias, o que representa R$ 6,6 bilhões dos R$ 66 bilhões do orçamento.

Segundo ele, o governo não pode contingenciar o dinheiro da dívida, de pessoal, transferência de recursos para municípios e para precatórios. Do dinheiro contingenciado, 22% são de investimento e 44%, de custeio.

- Vamos contingenciar dinheiro para investimentos, como rodovias, obras do metrô, de trens. Mas, como esperamos que a economia se recupere no segundo semestre, esperamos também descontingenciar o orçamento a partir de julho. Esperamos que a economia cresça e vamos colaborar com as medidas do governo federal nesse sentido, ajudando nas reformas necessárias - afirmou.

O governador disse acreditar que a economia vai se recuperar, uma vez que o país terá nova equipe, "portanto, mais confiança do mercado".

Monitoramento quinzenal

Alckmin começou ontem seu 11º ano no cargo de governador de São Paulo.

Ele assumiu em março de 2001, depois da morte do então governador Mário Covas. Em 2002, foi eleito para ficar mais quatro anos à frente do estado. Deixou o cargo em 2006, para concorrer à Presidência da República. Nas eleições de 2010, Alckmin foi eleito novamente para o governo e, em 2014, reeleito.

Alckmin disse que o governo vai monitorar a arrecadação e as despesas a cada 15 dias para evitar ter problemas fiscais ao final do ano:

- Essas são medidas de boa gestão. Se o ano for difícil, já teremos tomado medidas agora no início do ano, para não gastar mais do que arrecadamos. No começo do ano não sabemos como vai ficar a receita. Portanto, por medida de cautela, vamos contingenciar.