O ministro Eduardo Braga garante que Graça Foster fica no cargo e que a Petrobras está "blindada contra indicações políticas". O ministro admitiu que está chovendo menos e os reservatórios estão com menos água do que em 2014. Disse que o Brasil tem uma Belo Monte de eólica e incentivará a energia fotovoltaica. O governo subsidia com R$ 1,2 bilhão o uso do carvão mineral.

Entrevistei ontem, na Globonews, o ministro Eduardo Braga, que assume agora o Ministério das Minas e Energia com várias frentes para trabalhar. As hidrelétricas da Amazônia estão atrasadas, e as linhas de transmissão, também. A energia terá um tarifaço, a Petrobras está na pior crise da sua história.

O ministro afirmou que a situação hídrica é pior do que a do ano passado, mas não quis afirmar qual será o percentual de aumento da energia. Disse que as distribuidoras terão o aumento "necessário".

Ele explicou que cada empresa terá um percentual de ajuste diferente. Na nova sistemática, a Aneel vai calcular a cota da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) para cada distribuidora. E, com base nisso, a empresa pedirá à Aneel o seu reajuste extraordinário. Mas tem ainda o reajuste anual normal, que virá com a primeira parcela dos empréstimos concedidos às distribuidoras no ano passado pelos bancos públicos e privados.

- Esse aumento agora pode ficar em 20% a 25% - disse o ministro, falando apenas de uma parte do reajuste do ano.

Ele disse que 2014 foi aquele ano em que "tudo o que não se espera acontece". Garante que, com todas as renegociações que estão sendo feitas, e com o novo teto dos preços do mercado de curto prazo, o custo financeiro em 2015 para as distribuidoras será menor:

- Não teremos racionamento de energia, mas o consumidor terá o direito, ao receber a sua conta, de ver pelo sistema de bandeiras que estamos queimando óleo e fazendo as térmicas funcionar, ou seja, usando uma energia mais cara. Ele poderá fazer economia e evitar desperdício. Assim, a conta de energia vai ficar econômica. É bom que o consumidor tome essa decisão porque ele pagará menos e o país usará menos as térmicas.

O governo cortou vários gastos públicos com energia, porém manteve o subsídio ao carvão. Perguntei como isso era possível, mas ele não respondeu diretamente. Disse que a energia fotovoltaica, a solar, vai ser incentivada e deu o exemplo da hidrelétrica de Balbina, que produz o mínimo de energia com o máximo de estrago ambiental:

- Fizeram um lago enorme para gerar 125 MW de energia. Um crime ambiental. Mas agora estamos pensando em usar a linha d'água do enorme lago de Balbina para instalar painéis fotovoltaicos, o que elevaria para 500 MW a produção da usina e usaria as mesmas linhas de transmissão.

Ele contou que painéis de energia solar serão instalados nos parques eólicos da Bahia. Sobre o carvão, nada disse, mas o que se sabe no governo é que o desejo era manter apenas o subsídio do programa Luz para Todos. Mas foi mantido também o incentivo ao uso do carvão do Sul, ao custo de R$ 1,2 bilhão por ano.

O preço da gasolina caiu muito no mercado internacional, mesmo assim, o ministro disse que o preço interno não será reduzido, porque estamos vivendo o reverso do que se viveu nos anos anteriores, em que a Petrobras pagou mais caro do que vendeu o produto.

- O preço do petróleo caiu muito, mas ninguém sabe por quanto tempo. É uma questão conjuntural e não estrutural. A qualquer hora pode haver uma mudança da estratégia da Opep quanto a isso ou a Arábia Saudita pode reduzir a produção, o que elevaria o preço. O Brasil precisa garantir recursos para os investimentos da Petrobras.

Quando perguntei se a diretoria da Petrobras será mantida, ele afirmou que sim:

- Os caminhos mais fáceis são muitas vezes os mais injustos. Não há prova alguma, nenhuma insinuação sobre a doutora Graça. Ela é a pessoa adequada, competente.

Quis saber se ele poderia garantir que não haveria mais indicação política:

- Se alguma coisa houve de bom de tudo isso é que a Petrobras está blindada contra indicação política. O método de escolha de diretores será o que foi usado agora para nomear o diretor de governança.