O diretor-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, fechou acordo de delação premiada e vai ampliar as acusações sobre PT e PMDB para além do esquema de corrupção instalado na Petrobras. Segundo Avancini, a empreiteira pagou cerca de R$ 100 milhões em propina para obter contratos de obras na Usina de Belo Monte, na bacia do Rio Xingu, no Pará. A cifra foi dividida entre os dois partidos governistas.

O executivo contou detalhes do esquema que funcionava em Belo Monte e, a partir daí, os procuradores aceitaram fazer acordo com o empresário, segundo reportagem publicada no site do jornal O Globo. A obra tem custo estimado de R$ 19 bilhões, sendo que a Camargo Corrêa tem participação de 16% no empreendimento.

A expectativa dos investigadores da Operação Lava-Jato é de que Avancini detalhe a participação do lobista Fernando “Baiano” Soares — apontado como operador do PMDB — no esquema de desvios da Petrobras. Baiano nega as acusações, mas a suspeita é de que ela tenha intermediado o repasse de vantagens indevidas entre a empresa e representantes do partido. Os procuradores também acreditam que Avancini confirmará a existência e a atuação do “clube VIP”, cartel de empreiteiras instalado na Petrobras e em estatais do setor elétrico.

Além da Camargo Corrêa, que tem 16% dos contratos do consórcio responsável pela construção da usina, nove empresas compõem o grupo: Andrade Gutierrez, Odebrechet, OAS Ltda., Queiroz Galvão, Contern, Galvão Engenharia, Serveng- Civilsan, Cetenco e J. Malucelli. Seis são investigadas na Operação Lava-Jato: Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS, Galvão Engenharia e a Camargo Corrêa.

Contrato

Os 16% da empreiteira representam R$ 5,1 bilhão no montante da obra. Esse é o valor do contrato da Camargo Corrêa em obras de Belo Monte. Com isso, teve de pagar, a título de propina, cerca de R$ 51 milhões para cada um dos partidos políticos. PT e PMDB negam qualquer irregularidade.

Por meio de nota, a empresa também refutou as informações de Avancini. “A Construtora Camargo Corrêa não tem acesso ao referido acordo de colaboração, desconhece seus termos e também o teor dos depoimentos. A empresa reitera que permanece à disposição das autoridades.”

Discurso pró-arrocho

Em mais um esforço para defender as medidas econômicas e tentar estancar a crise política e de imagem, a presidente Dilma Rousseff aproveitou viagem a Araguari (MG) para explicar os motivos do pacote de ajuste fiscal. “Aprimorar para garantir oportunidades e usar o dinheiro, principalmente, garantindo acesso a quem mais precisa. Esse é o propósito que move o governo quando nós fazemos correções e ajustes.” A presidente afirmou que, durante a crise internacional, o Brasil conseguiu garantir empregos enquanto o resto do mundo cortava postos de trabalho, mas que agora é preciso agir porque há uma “nova fase de enfrentamento”. Dilma ressaltou a importância dos programas sociais, mas disse que é necessário corrigir equívocos. “Esse esforço passa por correções, como eu disse, mas as correções não são um fim em si mesmas. É para garantir programas.” A petista esteve em Araguari, no Triângulo Mineiro, para entregar 1.472 unidades do Minha Casa, Minha Vida.