BRASÍLIA

Ao assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro fez, ontem, um apelo aos integrantes da equipe econômica: que o ajuste fiscal não paralise ainda mais a atividade industrial brasileira. O ministro disse compreender a importância de um ajuste macroeconômico para o fortalecimento da confiança dos agentes econômicos e que, para essa tarefa, não faltará solidariedade dos demais integrantes do governo.

- Fica evidente que o necessário ajuste macroeconômico não pode ter efeito paralisante sobre a agenda de promoção da competitividade. É preciso encontrar espaços para, em meio a essas restrições, impulsionar e dar absoluto caráter de urgência a essa agenda - disse Monteiro, senador pelo PMDB de Pernambuco e ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Estímulo a exportações

A uma plateia que lotou o auditório do Banco Central, incluindo empresários e os principais integrantes da equipe econômica, Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini (BC), Monteiro destacou que a principal meta deve ser o crescimento da economia:

- O ajuste vai impor limitações em um primeiro momento, mas os seus benefícios criarão, ao final, um cenário mais promissor. Nenhum de nós desconhece que o objetivo central deve ser o crescimento, sem o qual o Brasil vê diminuídas as chances de equacionar seus problemas estruturais.

Monteiro disse que a pasta apresentará um arrojado plano de comércio exterior, com participação do setor produtivo e visão integrada das regiões do país. Segundo ele, esse plano passa por desafios, como a superação de entraves relacionados ao financiamento e o lançamento de medidas de facilitação do comércio, além de desonerações de exportações. Conforme o ministro, a política de comércio exterior será mais ativa e permitirá a ampliação de acordos comerciais, além da valorização de parceiros estratégicos, como China, Estados Unidos e América do Sul. Outro eixo do programa, disse, é apresentar um conjunto de reformas microeconômicas, como desoneração de investimentos. O terceiro eixo é incentivar investimentos no parque fabril.

cp mf é um retrocesso

O ministro classificou como um "grande retrocesso" a proposta de se recriar a CP MF para financiar a saúde. Em entrevista ao jornal "O Estado de S.Paulo", o ministro da Saúde, Arthur Chioro, defendeu que a discussão sobre uma contribuição para financiar o setor "é o caminho para garantir a sustentabilidade do sistema integral e universal, que cada vez custa mais caro".

- Alguns falam de subfinanciamento da saúde. Mas, a meu ver, a recriação da CP MF seria um gravíssimo retrocesso, pelas características do imposto, que é um imposto cumulativo.

O empresário Jorge Gerdau disse que o governo precisa buscar um equilíbrio entre política de ajuste fiscal e a recuperação da agenda positiva para a indústria, para que as metas propostas pelo ministro sejam alcançadas:

- As metas que o ministro colocou são extremamente corretas. É preciso harmonizar políticas para encontrar o caminho.